Senado aprova projeto que classifica injúria racial como racismo

Brasília – O Plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (18) o projeto que tipifica a injúria racial como crime de racismo (PL 4.373/2020). Do senador Paulo Paim (PT-RS) e relatado pelo senador Romário (PL-RJ), o projeto também aumenta a pena para o crime e segue para a análise da Câmara dos Deputados.

A proposta alinha a legislação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em julgamento, já decidiu dessa forma. O texto incorpora ao Direito Penal o que o STF e tribunais e juízes em todo o Brasil já vêm consolidando: a injúria racial é crime de racismo e como tal deve ser tratada, em todos os seus aspectos processuais e penais. O projeto retira a menção à raça e etnia do item específico do Código Penal (art. 140) e insere novo artigo na Lei de Crimes Raciais, definindo pena de multa e prisão de dois a cinco anos. O projeto cita injúria por “raça, cor, etnia ou procedência nacional”. Hoje, o Código Penal prevê pena de um a três anos de cadeia, além da multa.

Durante a discussão da matéria, Paim agradeceu o apoio dos senadores e lembrou citação da ministra do STF, Cármen Lúcia, quando do julgamento desse tema:

— ‘Esse crime não é apenas contra a vítima, mas é uma ofensa contra a dignidade do ser humano”. E complemento dizendo que as correntes que prendiam e apertavam os pulsos e os pés do povo negro, com essa mudança estão sendo rompidas. Que as gargalheiras que eram colocadas na garganta do povo negro também sejam rompidas — afirmou Paim.

Na justificação da matéria, Paim argumenta que a injúria racial não é mencionada na Lei de Crimes Raciais (Lei 7.716, de 1989), embora esteja prevista no Código Penal (Decreto Lei 2.848, de 1940). Ele registra que a injúria racial não estaria plenamente equiparada aos delitos definidos no Código Penal, e que, por definição constitucional, são imprescritíveis e inafiançáveis. Por essa razão, acrescenta o autor, o racismo praticado mediante injúria pode ser desclassificado e beneficiado com a fiança, com a prescrição e até mesmo com a suspensão condicional da pena.

Já o senador Romário destacou que o número de registros de injúrias raciais praticadas nos últimos anos corrobora com a necessidade de se tratar o assunto com maior rigor. Ele apresentou dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, que aponta 9.110 registros de crimes raciais em 2018 e 11.467 em 2019, com um aumento de 24,3%.

Romário registrou ainda que a injúria racial é crime da mais elevada gravidade, pois atinge fortemente a dignidade e a autoestima da vítima. Ele observou que é uma  conduta que gera sentimento de revolta, fomenta a intolerância e não se compatibiliza com os valores de uma sociedade plural e livre de qualquer forma de discriminação ou preconceito. Romário acrescentou que a transposição desse item do Código Penal para a Lei de Crimes Raciais representa, além de segurança jurídica no enfrentamento da questão, uma prova adicional de que a sociedade quer combater a perpetuação de atos racistas, bem como punir mais severamente eventuais criminosos.

— Racismo que se revela em termos ofensivos ainda utilizados na pouca presença de negros em postos de liderança ou na pouca referência à história negra e símbolos africanos em nossas escolas. Ainda testemunhamos, infelizmente, manifestações racistas em nossos estádios, em nossas ruas, espaços públicos e privados, mas deixaremos hoje aqui a lição para todos do que devemos ser: cada vez mais intolerantes com a intolerância. Hoje tratamos de dar um importante passo nesse sentido.

Discussão

As senadoras Zenaide Maia (Pros-RN) e Nilda Gondim (MDB-PB) classificaram o dia de votações no Plenário como “histórico”, pelos temas em enfrentamento ao racismo. Elas destacaram o trabalho dos senadores Paim e Romário como fundamental para o fortalecimento da democracia já que a medida oferece dignidade humana a todos os brasileiros.

— É uma mudança que trata esse crime com a dureza que ele merece. Não existe injúria racial individualizada. Quando alguém é atacado por ser negro, a ofensa é racista. Então, injúria racial é racismo, sim, e como tal deve ser tratado — avaliou Zenaide.

Igualdade

O senador Lasier Martins (Podemos-RS) se somou no reconhecimento ao autor e relator e disse que, no Brasil, o futebol poder ser usado como ferramenta de combate ao racismo.

— Um belíssimo exemplo disso foi dado ontem pelo Sport Club Internacional, de Porto Alegre, que prestou uma significativa homenagem ao Mês da Consciência Negra durante a partida disputada no Mato Grosso contra o Cuiabá usando, o Internacional, pela primeira vez em sua centenária e vitoriosa história, o uniforme na cor preta — disse o senador, observando que o clube gaúcho, com uniforme tradicionalmente colorado, se uniu aos esforços no combate ao racismo.

Para o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o projeto representa um grande avanço no sentido de sair do discurso e dar efetividade a premissa constitucional de que todos são iguais perante a lei.

— Nós temos que entender que a orientação sexual, a cor da pele, o gênero não definem o caráter. O que define o caráter é o seu comportamento ético, o seu comportamento moral, a imagem, o que nós fizemos para construir um Brasil mais justo, fraterno, igualitário, inclusive plural.

Fonte: Agência Senado

Romário preside sessão do Congresso pela primeira vez

O senador Romário (PL-RJ) presidiu, pela primeira, uma sessão do Congresso Nacional. No início da sessão conjunta desta quinta-feira (11), no Plenário da Câmara dos Deputados, o senador destacou o fato, em rápido discurso. Ele lembrou que teve uma infância pobre, antes de ser tornar um jogador conhecido mundialmente, e já foi deputado federal, tendo sido eleito em 2010.

— Nada mais simbólico que, no mês da consciência negra, assuma a cadeira de presidente deste Parlamento um negro, um lutador, um cara que veio da favela, um brasileiro em sua melhor essência e em seu maior espelho — afirmou o senador.

Romário disse carregar consigo todos os símbolos de um Brasil em que acredita: plural, multirracial, com mobilidade social e rico em talentos e diversidade. Segundo o senador, trata-se de um Brasil que sabe e deve respeitar a diferença e a luta por um futuro melhor.

— Agradeço ao povo fluminense, ao povo brasileiro, aos parlamentares, à minha família, amigos, toda a minha equipe e a Deus por estar aqui. Contem comigo para conduzir os trabalhos da forma mais democrática possível — concluiu.

Nessa quarta-feira (10), Romário também presidiu, pela primeira vez, uma sessão do Senado, onde é o segundo vice-presidente. Na ocasião, ele também fez um discurso, apontando que sabe da responsabilidade do seu cargo, mas que nunca imaginou, em sua infância humilde na favela do Jacarezinho, conquistar tudo o que conquistou na vida.

Fonte: Agência Senado

Na presidência do Senado, Romário exalta infância na favela: “dou a essa honrosa cadeira a cara do Brasil”

O senador Romário (PL-RJ) assumiu, nesta quarta-feira (10), a presidência do Senado Federal. Como segundo vice-presidente, o parlamentar carioca ocupará a função até o próximo dia 16, quando o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) retorna da COP-26, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que neste ano acontece em Glasgow, na Escócia.

Na sessão, Romário não escondeu o orgulho e entusiasmo de assumir a função. O parlamentar exaltou a trajetória humilde e destacou a importância da diversidade. “Jamais imaginei, lá na minha infância humilde na favela do Jacarezinho, que ganharia tudo o que conquistei nos campos, na política e na vida. E nada mais simbólico que, no mês da consciência negra, assuma a cadeira de Presidente deste Parlamento um negro, um lutador, um cara que veio da favela, um brasileiro em sua melhor essência e em seu maior espelho”, declarou. E acrescentou: “Aqui, sentado nesta cadeira, carrego comigo todos os símbolos de um Brasil que acredito: plural, multirracial, com mobilidade social e rico em talentos e diversidade. Um Brasil que sabe respeitar a diferença, e luta incansavelmente por um futuro melhor”, completou.

Romário também agradeceu à população do Rio de Janeiro, à família, amigos e aos demais senadores pela confiança depositada nele. E encerrou a intervenção afirmando que dava àquela cadeira, a cara do Brasil: “Hoje, dou a essa honrosa cadeira a minha cara, a cara do Brasil.”

Romário assume presidência do Senado e do Congresso Nacional

Brasília – Durante os próximos dias a presidência do Senado Federal será comandada pelo senador Romário (PL-RJ), segundo vice-presidente da Casa. O parlamentar deve ocupar a cadeira até 16 de novembro, quando o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) retorna da COP-26, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que neste ano acontece em Glasgow, na Escócia.

O senador Romário também deve presidir a sessão do Congresso Nacional, que, de acordo com o regimento, deve ser comandada pelo presidente do Senado. Esta é a primeira vez que o senador carioca ocupa as funções em sessões de votação, ele já havia presidido sessões solene no Senado. O parlamentar foi eleito para a Mesa Diretora da Casa em fevereiro deste ano, e exercerá a função durante o biênio 2021/2022.

Na pauta desta quarta-feira (10), o Senado pode votar um projeto de lei que institui 12 de março como o Dia Nacional em Homenagem às Vítimas de Covid-19. Na reunião do Congresso Nacional, convocada para esta quinta-feira (11), estão na pauta cinco projetos abrindo créditos suplementares e especiais ao Judiciário e órgãos do Executivo e ainda o PLN 23/2021, que reserva R$ 76,4 bilhões para o programa Auxílio Brasil até o ano de 2023.

Animado com a nova função, Romário avalia que conquistou esse espaço ao longo do anos: “Fomos construindo”. O senador também acredita que terá sessões de trabalho produtivas, aprovando todos os projetos em pauta. “Quando era jogador eu quis e fiz a diferença e quero ser assim lembrado também na minha trajetória como senador. Temos boas pautas nesta semana e gostaria de ter todas elas aprovadas, como sinalização para sociedade que temos um Senado comprometido e compromissado com assuntos do interesse de todos”, destacou.

Trajetória – Antes de ocupar o cargo mais alto do parlamento brasileiro, Romário presidiu a Comissão de Educação e Esporte (2015-2016), a CPI do Futebol (2015) e a Comissão de Assuntos Sociais (2019-2020). Na área legislativa, apresentou mais de 100 projetos de lei e foi relator de legislações que já estão em vigor, como a Lei Brasileira de Inclusão – Estatuto da Pessoa com Deficiência e, mais recente, a Lei do Mandante.