Brasília – Na última sessão da CPI do Futebol, nesta quarta-feira (7), os membros do colegiado decidiram aprovar o relatório apresentado pelo relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), chamado de “chapa-branca”, por não prever o indiciamento de ninguém.
Presidente da comissão de inquérito, o senador Romário (PSB-RJ), em parceria do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), propôs um relatório alternativo com o pedido de indiciamento de nove pessoas, o documento será encaminhado ao Ministério Público, à Polícia Federal e já foi encaminhado à FIFA. Durante a sessão, Romário chegou a sugerir que os dois relatórios fossem aprovados, sugestão não aceita pelo relator, que não concordava com os indiciamentos.
O fim dos trabalhos da CPI confirmou que o que se viu nos quase 18 meses de trabalho da comissão, um claro objetivo de não criminalizar nenhum dirigente do futebol brasileiro, empresário ou político envolvido na “organização criminosa que tomou conta do futebol”, conforme aponta Romário em seu relatório. Mesmo aqueles que já estão formalmente indiciados pela justiça norte-americana, como o ex-presidente da CBF, José Maria Marin e o empresário José Hawilla. Ambos presos nos Estados Unidos por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha em um esquema que movimentou cerca de 150 milhões de dólares (mais de 470 milhões de reais) em 24 anos.
“Não se pode afirmar que o trabalho da CPI terminou em pizza. Claro que a aprovação do relatório tem um peso, pois mostra que os senadores têm compromisso com questões de interesse público. Porém, a CPI cumpriu seu papel com excelência, iniciamos o trabalho com a tese de que havia muitos crimes sendo praticados por altos executivos do futebol e comprovamos, cabe agora ao Ministério Público e a Polícia Federal aprofundar e concluir as investigações. Se assim o fizerem, tenho certeza que essas pessoas serão formalmente processadas e podem ir para a cadeia”, declarou o senador Romário.
Os senadores apoiaram o encaminhamento do relatório paralelo ao Ministério Público. Humberto Costa lembrou que em outras CPIs, o relatório não oficial gerou mais processos que o aprovado na comissão. Omar Aziz também manifestou confiança em mais resultados. “O seu trabalho com certeza será utilizado de forma criteriosa e transparente pelos órgãos para onde estarão sendo encaminhados”, disse à Romário. Por sua vez, Magno Malta também declarou que, em outras ocasiões, o relatório não oficial surtiu mais efeitos que o oficial.
Em mil páginas de relatório, Randolfe e Romário pediram os indiciamentos de Marco Polo Del Nero, atual presidente de CBF; de José Maria Marin e Ricardo Teixeira, ex-presidentes da entidade; do deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), vice-presidente da CBF; de Gustavo Feijó, também vice-presidente da CBF; de Carlos Lopes, diretor jurídico da entidade; e de Antônio Osorio Ribeiro, ex-diretor financeiro da confederação. O texto também sugere os indiciamentos dos empresários José Hawilla e Kleber Leite.
Já as 380 páginas do relatório de Romero Jucá, aprovado hoje, propôs mudanças na legislação do futebol e na Lei de Lavagem de Dinheiro, além de fazer recomendações para a CBF.
Senadores elogiam presidência de Romário
Apesar de não aprovarem o relatório de Romário, a maioria dos senadores elogiou a condução dos trabalhos e o fato de Romário ter proposta a CPI.
“Eu quero também aqui parabenizar o Presidente por ter também buscado, através das audiências públicas, fazer com que a gente pudesse ter um melhor esclarecimento e principalmente uma cobrança da mudança de hábitos por parte da CBF. Muitas recomendações aqui foram feitas, e acredito que evoluímos. E precisamos evoluir mais”, afirmou o senador Wellington Fagundes (PR – MT), antes de propor a criação de uma comissão permanente para acompanhar o que foi feito a partir dos encaminhamentos da CPI.
“Vossa excelência foi um grande atleta brasileiro, nos deu muita alegria e algumas posições que vossa excelência tem tomado aqui no Senado Federal tem dado uma contribuição muito grande a população brasileira”, afirmou Omar Aziz que e parabenizou a forma democrática como Romário conduziu os trabalhos.