Romário vai contestar alteração do estatuto da CBF no Supremo

O senador Romário (PSB-DF) anunciou, nesta quarta-feira (5), que vai contestar no Supremo Tribunal Federal (STF) a mudança no estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), realizada no último dia 23. As alterações, feitas sem a presença dos clubes da Série A, apenas com os presidentes das federações de futebol, reduziram o peso de voto dos clubes. Ficou definido que as federações terão peso três, enquanto os votos dos representantes da Série A valerão dois e os da Série B apenas um. Romário classificou a manobra de “golpe”.

“Se observa a má fé do cartola: promoveu uma assembleia ‘administrativa’, da qual os clubes não participam, em vez de uma ‘assembleia geral’, com a totalidade do colegiado”, delata Romário.

Para o senador, o cartola manteve o voto das federações mais elevados para se perpetuar no poder. “Del Nero assegura 57% dos votos do colegiado da assembleia geral, e poderá aprovar o que quiser, mantendo maioria, inclusive, para a eleição do presidente da CBF. É que pelo novo critério são 81 votos garantidos, contra apenas 60 votos dos clubes da Série A e B”, explicou.

Romário anunciou que está montando uma contestação para essa medida, que será encaminhada ao STF, pois sente-se lesado como torcedor ao ver seu clube sem nenhum poder de decisão na CBF. “É preciso destacar que o líder desse golpe é um presidente que está indiciado pela Justiça dos Estados Unidos, acusado de corrupção. Del Nero está tão enrolado que pode ser preso pelo FBI ou Interpol se sair do Brasil”, apontou.

Romário ainda ironizou o fato de Del Nero não estar preso, apesar das inúmeras acusações e provas contra ele. O cartola foi indiciado pela justiça americana por criar um esquema para fraudar a Fifa e a CBF. Além de ser acusado de ter recebido propina relacionada à Copa América e à Copa do Brasil.

“Apesar de todas as comprovações de que nosso patrimônio esportivo está sendo golpeado por espertos cartolas, ainda assim não temos quem se sensibilize à documentação para prender os ladrões do futebol. Ironicamente, festejamos quando a ação vem da Justiça norte-americana ou da ação da Polícia da Suíça. É lá que está a nossa esperança de justiça”, finaliza o senador.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Romário fala em Plenário sobre a dificuldade de tratamento para Neuromielite

Na tarde desta quarta-feira (05), o senador Romário (PSB-RJ) subiu à tribuna do Senado Federal para falar sobre a dificuldade de diagnóstico e medicamento para a Neuromielite, doença rara que atinge duas pessoas a cada cem mil, sendo mais comum em mulheres que em homens.

Neuromielite Óptica, ou NMO, também conhecida como Doença de Devic, causa inflamação no nervo ótico e na medula espinhal. A NMO pode levar o paciente a cegueira, perda de movimentos, insuficiência respiratória e edemas cerebrais, podendo acarretar em óbito.

De acordo com o senador, são muitas as dificuldades enfrentadas pelas famílias, desde a carência de médicos especialistas, o que retarda o diagnóstico e piora os sintomas, até a falta de centros especializados para que as pessoas possam receber a assistência. “Ano após ano, tento viabilizar a construção de um hospital de referência em doenças raras no Rio de Janeiro, e sigo comprometido com esse sonho”, relatou o Romário.

Não há cura conhecida para a doença, mas medicamentos como a prednisona e a azatioprina, reduzem a intensidade dos ataques e previnem novas crises. Os medicamentos citados constam na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, a RENAME, editada pelo Ministério da Saúde. Porém, lá não aparece a indicação desses medicamentos para a NMO, o que dificulta a sua obtenção.

Para Romário, outra dificuldade é que a NMO é muitas vezes confundida com a Esclerose Múltipla. “Como acontece em vários casos, um diagnóstico errado leva a tratamentos sem eficácia durante meses ou anos, causando novas crises e piorando a doença. Por isso a necessidade de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas específicas para o tratamento da NMO”, finaliza o senador.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Mizael Conrado é eleito presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro

O Comitê Paralímpico Brasileiro elegeu nesta sexta-feira, 31, o quarto presidente de sua história. O ex-atleta de futebol de 5 (para cegos) e bicampeão paralímpico Mizael Conrado foi eleito por aclamação para o mandato de quatro anos à frente da entidade. Formam a diretoria executiva junto com Mizael os primeiro e segundo vice-presidentes, respectivamente, Naíse Pedrosa e Ivaldo Brandão. Mizael assume agora o cargo que era ocupado por Andrew Parsons desde 2009.

Mizael Conrado é o primeiro medalhista paralímpico a assumir o cargo de presidente do CPB. O ex-atleta, além das medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008, ainda foi considerado o melhor jogador de futebol de 5 do mundo em 1998.

“É com grande emoção que assumo essa presidência. Sei que teremos grandes desafios e maior ainda será a responsabilidade. Essa responsabilidade vem com o compromisso de dar o melhor de mim para dar a oportunidade para aqueles que ainda não tiveram acesso ao esporte paralímpico. Quero estar à altura deste movimento e honrar os outros presidentes que formaram o alicerce do que temos hoje. Meu antecessor, Andrew, deixou como grande legado a harmonização do movimento paralímpico e assumo aqui o compromisso de manter essa harmonia. Juntos nos fortalecemos!”, disse Mizael.

O novo presidente ocupou o cargo de vice-presidente durante os dois mandatos de Andrew Parsons. Agora ex-presidente, Parsons acedita que o CPB continuará com o bom trabalho em busca do desenvolvimento do esporte paralímpico do Brasil.

“Desejo a maior sorte do mundo para a nova diretoria executiva. São três pessoas extremamente capazes. Com o Brandão tive uma parceria de quatro anos, com o Mizael, de oito anos. A visão do Mizael de ex-atleta, aliado com a experiência que agora ele tem como gestor, vai levá-lo a ser um grande presidente. Tenho certeza que vai levar o movimento paralímpico não só a lugares mais altos do quadro de medalhas dos Jogos de Tóquio, mas também trará avanços dando oportunidade às pessoas com deficiência para a prática de esporte em todos os seus níveis”, observou Parsons.

Enquanto vice-presidente do CPB na gestão de Parsons, Mizael teve importante atuação na questão da aprovação do estatuto da pessoa com deficiência, a Lei Brasileira da Inclusão (Lei 13.146/2015), que, entre outros benefícios, aumentou os investimentos no esporte paralímpico nacional.

Os relatores da lei no Senado, Romário, e na Câmara dos Deputados, Mara Gabrilli, peças importantíssimas para a aprovação do estatuto, apoiaram a escolha de Mizael para o cargo mais alto do movimento paralímpico nacional.

“Mizael Conrado assumir a presidência do Comitê Paralímpico Brasileiro é um fato que me enche de orgulho. Ter uma pessoa cega e ex-atleta à frente do CPB é muito simbólico. Especialmente no nosso país, onde quase não vemos ex-atletas gerindo o esporte. Isso, com certeza, fará toda diferença, porque a experiência da prática traz um ponto de vista privilegiado. Além disso, Mizael é advogado por formação. Fica, então, meu desejo de sucesso a ele e ao esporte paralímpico brasileiro”, disse Romário, que além de senador, é embaixador paralímpico.

“Mizael é um amigo e grande parceiro que tenho na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Além de ter defendido com suor e muita garra as cores da bandeira brasileira mundo afora como atleta, onde se consagrou como um dos melhores do mundo, é um grande conhecedor da legislação sobre as pessoas com deficiência. Desejo todo o sucesso à frente do CPB e tenho a certeza de que a partir de agora vamos trabalhar ainda mais juntos para fortalecer o esporte paralímpico do Brasil”, afirmou Mara Gabrilli.

Conselhos Fiscal e Deliberativo e Representante de Entidade Olímpica

Além da diretoria executiva, também foram escolhidos na tarde desta sexta-feira os membros dos Conselhos Fiscal e Deliberativo e ainda o representante das entidades nacionais de administração do desporto olímpico.

Para o Conselho Fiscal, os escolhidos foram Gustavo Delbin (12 votos), Marcelo Corrêa (8 votos) e Sidney de Oliveira (7 votos). No Conselho Deliberativo, Márcia Campeão (11 votos) e Jesus Thomaz Tarja (7 votos) foram os mais votados. O representante de entidades nacionais olímpicas junto ao Conselho Deliberativo será Alaor Azevedo, indicado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.

Entenda a eleição

Para a eleição da diretoria executiva do CPB, votam entidades esportivas com representação no esporte paralímpico e o conselho de atletas. Ao todo, 14 votos são contabilizados no pleito.

Conheça Mizael Conrado

Bicampeão paralímpico no futebol de 5 (para cegos), Mizael Conrado é formado em Direito pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). O e-atleta assumiu em março de 2017 a presidência do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Entre 2009 e 2017, exerceu a função de vice-presidente e secretário-geral da entidade durante os mandatos de Andrew Parsons.

Atualmente, Mizael também ocupa o posto de vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). Foi ainda peça-chave na aprovação da Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que elimina barreiras de acessibilidade no transporte, na moradia, nos serviços, na educação, no esporte, no exercício da cidadania e beneficia cerca de 50 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência e mobilidade reduzida.

Natural de Santo André (SP), Mizael Conrado de Oliveira nasceu cego devido a uma catarata congênita. Após quatro cirurgias, ainda bebê, começou a enxergar. Aos nove anos, teve um descolamento de retina, que iniciou a perda de sua visão. Ficou completamente cego aos 13 anos. Foi no Instituto Padre Chico, escola especial para deficientes visuais, onde Mizael teve seu primeiro contato com o futebol de 5.

Com a Seleção Brasileira da modalidade, foi campeão latino-americano (1994), tricampeão da Copa América (1997, 2001 e 2003), campeão mundial sub-25 (2002), bicampeão mundial (1988 e 2000) e bicampeão paralímpico (2004 e 2008), além de ter conquistado o título de melhor jogador do mundo, em 1998.

Foi ainda diretor administrativo e presidente do Centro de Emancipação Social e Esportiva de Cegos (CESEC), secretário-executivo da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDC), membro do Comitê Executivo da União Mundial de Cegos, da União Latino-Americana dos Cegos, vice-presidente da Federação Brasileira de Entidades para Cegos e secretário-geral da União Brasileira de Cegos.

Fonte: Assessoria de Imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro
Foto: Alexandre Magno/CPB/MPIX