A gravação aconteceu no dia 23/02/2017. O programa será exibido no dia 19/03, em homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down (21/03).
Mês: fevereiro 2017
Romário pede que SUS disponibilize cirurgia para reverter diabetes
Doença atinge 16 milhões de brasileiros e mata 72 mil pessoas por ano no país
Quinze quilos mais magro, depois de realizar uma cirurgia para reverter o diabetes tipo 2, o senador Romário (PSB-RJ) subiu nesta quarta-feira (15) na tribuna do Senado para falar sobre o assunto. “Estou muito bem de saúde e feliz com o resultado”, revelou.
Convivendo com o problema há sete anos, o senador contou que antes de realizar o procedimento cirúrgico, sua glicemia estava muito elevada. “Chegou a bater em 400, agora está em torno de 90. Minha expectativa é estar plenamente recuperado em poucos meses”, contou.
Animado com o resultado, o senador foi surpreendido com a informação de que a cirurgia ainda é considerada experimental no Brasil, fato que desobriga os planos de saúde a realizar o procedimento ou pagar os custos ao segurado. A cirurgia chamada de “gastrectomia vertical com interposição ileal” foi declarada “legal” pela Justiça Federal há alguns anos e, segundo o senador, entre 85% e 90% dos pacientes apresentam remissão ou cura da doença após a cirurgia. Procedimento, no entanto, não é aconselhado para qualquer pessoa.
Só no Brasil, 16 milhões de pessoas são afetadas com o diabetes, 72 mil pessoas morrem todos os anos com o problema, que também é responsável por 70% das amputações realizadas no país. De acordo com o senador, há uma epidemia da doença, que tira milhares de pessoas do mercado de trabalho todos os anos. “Apenas em 2015, O SUS gastou R$ 92 milhões com internações causadas pelo diabetes”, apontou.
O parlamentar defendeu que a cirurgia para reverter o problema seja realizada, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde para todos os brasileiros. “A redução dos gastos com medicamentos, internações e dias sem trabalhar seria bem maior que os custos da cirurgia, não tenho nenhuma dúvida disso”, defendeu.
O parlamentar declarou ainda que cirurgia vai contraria interesses econômicos. “Sei que muita coisa entra em jogo quando falamos em curar pessoas, que vão parar de tomar remédios caros. Não deveria ser assim, mas existem interesses econômicos envolvidos. Médicos, planos de saúde, laboratórios farmacêuticos e os meios de comunicação fazem parte de uma cadeia econômica que, muitas vezes, não tem interesse em acabar com essa multidão de doentes entrando pela porta dos hospitais e saindo dali direto para a farmácia. Para as pessoas que sofrem de diabetes, é uma prisão perpétua. Para alguns, é lucro certo”, apontou.
Romário defende realização pelo SUS de cirurgia para reverter o quadro do diabetes
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Romário pede ação do Governo na crise de segurança do ES e do país
Em discurso no plenário, Romário se solidariza com a população do Espírito Santo, pede ação do Governo Federal e apela aos policiais militares que revindiquem, sem expor a população à barbárie. Leia na íntegra:
“Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Subo a esta tribuna para tratar de uma situação preocupante, que está afligindo a população do Espírito Santo neste exato momento, mas que diz respeito ao Brasil inteiro.
Desde o último sábado, os familiares de policiais militares do estado, em protesto contra os baixos salários e as condições de trabalho, acamparam em frente aos quartéis, impedindo o patrulhamento da PM nas ruas de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Linhares e outras cidades.
O que se seguiu foram cenas de caos. O comércio fechou as portas, e mesmo assim foram registrados vários saques e depredações. Os ônibus deixaram de circular, as aulas foram paralisadas. A população, assustada, correu aos supermercados para estocar comida e se fechou dentro de casa.
Ruas desertas, tiroteios e carros incendiados. Segundo o sindicato dos policiais civis, ocorreram 87 mortes violentas na Grande Vitória desde sábado. A população está pedindo socorro através das redes sociais, compartilhando fotos e vídeos do que está acontecendo. São imagens que parecem saídas de países em guerra, e não das ruas de uma de nossas capitais.
Senhor Presidente, a população do Espírito Santo está encurralada e amedrontada. A situação é um barril de pólvora que corre o risco de se alastrar por todo o país.
E por isso eu fico muito preocupado com a situação do Rio de Janeiro, onde, além de tudo, os salários dos policiais estão atrasados e já se vive um caos em todos os serviços públicos, causado pela corrupção e pela incompetência. O Governo do Estado do Rio de Janeiro precisa agir rápido, e infelizmente não se pode esperar muita coisa de um governador incapacitado, incompetente e brincalhão.
Todos sabemos que a segurança pública é um dos maiores problemas do Brasil. Infelizmente, nos anos de vacas gordas que tivemos, pouco se fez para atacar o problema e suas causas. O que aconteceu foi um jogo de empurra entre o governo federal, os estados e municípios, cada um tentando jogar a responsabilidade para o outro.
A segurança pública só virava prioridade quando se tinha uma Copa do Mundo ou uma Olimpíada para organizar, como se os turistas estrangeiros fossem mais importantes que os cidadãos brasileiros, que sofrem todos os dias nas mãos de bandidos. Quem esteve no Rio de Janeiro nos dias de Olimpíada testemunhou o cenário dos sonhos que é viver numa cidade tranquila, com policiamento e famílias andando calmamente nas ruas. Acabou o evento, voltou tudo ao que era antes.
Agora, além das dificuldades todas, temos uma crise econômica que piora o problema, porque os estados estão todos quebrados. Quem tem dinheiro se fecha em condomínios privados, onde até a academia e o supermercado estão do lado de dentro. E quem tem que pegar um trem ou um ônibus de madrugada para ir trabalhar? E as mulheres, que além dos assaltos sofrem o risco da violência sexual?
Não existe solução fácil, ainda mais para um problema que foi negligenciado por décadas. O salário dos policiais está abaixo do desejável, as condições de trabalho são ruins e o contingente é menor do que o necessário. Do outro lado temos estados falidos e governantes que não conseguem sequer pagar os salários e os compromissos assumidos. E no meio dos dois, uma população que fica refém da criminalidade.
O único caminho, Senhor Presidente, é o diálogo. Desta tribuna eu lanço um apelo ao governo federal, para que organize, com urgência, uma força-tarefa para trabalhar em conjunto com os estados.
Infelizmente, no meio dessa crise, o ministro da justiça se licenciou do cargo para trabalhar pela aprovação do seu nome ao STF. Mas quem vai votar essa aprovação somos nós, Senadores. Portanto, vamos cobrar do governo a nomeação de um ministro da justiça que tenha conhecimento e atitude, que seja um nome técnico, e não uma indicação política. Precisamos de um ministro dinâmico e conciliador, porque o momento é grave e a urgência é extrema.
Eu apelo também aos policiais militares, que são servidores públicos honrados. Não apenas os policiais do Espírito Santo, mas também do meu Rio de Janeiro e de todos os estados, para que encontrem uma maneira de reivindicar os seus direitos, que são justos, sem expor a população à barbárie que se instalou em Vitória e outras cidades.
Finalmente, peço aos governos estaduais que trabalhem pela valorização do profissional de segurança pública, olhando para a questão de forma ampla e criando uma ponte permanente de diálogo com as polícias, para que a população possa voltar às ruas, sem medo, e trabalhar por uma vida melhor para as suas famílias.
Era isso o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.”
Vídeo:
Em discurso, Romário fala da paralisia do País
Discurso na íntegra:
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Esta semana o Senado retoma a agenda de discussões e votações, depois do recesso de fim de ano, que foi importante para que todos pudessem passar mais tempo em suas bases, conversar com as pessoas e conhecer melhor as dificuldades e as esperanças do nosso povo.
Acho que todo brasileiro terminou 2016 com a impressão de ter vivido uma montanha-russa de acontecimentos. O país viveu um traumático processo de impeachment, organizou uma olimpíada e passou por uma eleição. Entre uma coisa e outra, prisões de figuras importantes e escândalos de corrupção revelados pela operação Lava-Jato.
Com o país paralisado, uma grave crise econômica se estabeleceu e se aprofundou, gerando o triste cenário de 12 milhões de desempregados. Doze milhões de famílias que passaram o fim de ano no aperto e enfrentam, todo dia, o drama de sobreviver e manter a dignidade.
Senhor Presidente, isso não pode continuar. Estamos desperdiçando a chance de desenvolver e modernizar o Brasil. Se não o fizermos, outros países farão, e ao invés de liderar e dar o exemplo, viveremos das sobras, eternamente vendendo barato o que colhemos com tanto suor. Não é essa a história que queremos escrever. Esta é uma geração de luta, merecedora da vitória.
Quando a gente fala na crise de um país inteiro, às vezes parece muito distante. Mas o que está em jogo é a bolsa de estudos que mantém os meninos na escola, na favela aqui do lado. É o dinheiro para comprar o equipamento do laboratório de pesquisa, aqui pertinho. É o emprego do jovem que acabou de terminar um curso técnico e cruzou com você na rua, com uma pastinha debaixo do braço. É o futuro de quem acabou de nascer.
O meu estado, O Rio de Janeiro, atravessa uma crise dramática. Funcionários públicos, trabalhadores honestos, sem receber os seus salários, pedindo emprestado para comer e pagar as contas. Conflitos todo dia na porta da Assembleia Legislativa; pessoas morrendo na porta de hospitais que não têm sequer antibióticos na prateleira. Uma situação de calamidade que afeta todo mundo, mas principalmente os que não têm a quem recorrer.
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a UERJ, está completamente paralisada pela falta de recursos. Sem pagar os salários, sem pagar a limpeza e o recolhimento do lixo. São milhares de estudantes sem aula e importantes pesquisas abandonadas. O Hospital Universitário Pedro Ernesto pode parar o atendimento à comunidade a qualquer momento. É um cenário em que professores e pesquisadores já falam até em deixar o país, por não aguentarem mais tanto descaso.
E o que foi que deu errado com o Brasil? Escolhas equivocadas na condução da economia, sem dúvida. Mas muito também se deveu, direta ou indiretamente, à corrupção generalizada, que, se não foi inventada agora, expandiu suas garras e perdeu a vergonha nos últimos anos. O recurso que deveria ser usado para construir a infraestrutura que gera empregos foi parar no bolso de políticos, burocratas e empresários sem ética e sem coração. É tanto corrupto que, só assim, começamos a prestar mais atenção nas cadeias, que agora abrigam figurões acostumados ao luxo e aos puxa-sacos.
A Lava-Jato vai seguir em frente, e agora que o caminho foi aberto, outras se seguirão. A faxina ainda não acabou.
Este é o cenário, mas o que fazer agora?
O Senado pode fazer muito, pode fazer mais do que fez no ano passado. Meu apelo aqui hoje é que cada um dos Senadores e Senadoras vá além da sua obrigação. Que cada um deixe de lado as diferenças de opinião e trabalhe duro, com o único objetivo de encontrar as melhores soluções para nos tirar desse atoleiro, sem nos dividir por partidos ou ambições pessoais. Este ano não tem eleição, não tem Olimpíada e não tem desculpa.
Em breve vão chegar a este Senado as propostas de reforma da previdência e das leis trabalhistas. São mudanças muito profundas, que afetam a vida de todos os trabalhadores, e temos que construir uma solução que priorize os direitos conquistados e a garantia de um futuro com segurança para os trabalhadores. A reforma do ensino médio é também um projeto importantíssimo, que exige dedicação e muito debate.
Teremos pela frente, Senhor Presidente, um ano de grandes desafios. Estou aqui me prontificando para o trabalho e fazendo um chamamento para que o Senado assuma o seu protagonismo nessa virada de jogo que o Brasil precisa, com tanta urgência.
Era isso o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.