Servidor com cônjuge, filho ou dependente com deficiência será dispensado de compensar horas de trabalho

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (19) um projeto do senador Romário que extingue a necessidade de compensação de horas de trabalho para servidores públicos federais que tenham cônjuge, filho ou dependente com deficiência. O texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e vai à sanção presidencial.

Hoje, a lei que rege o serviço público federal (8.112/1990) permite que esses servidores trabalhem em horário especial. A norma, no entanto, obriga a compensação de horas. Para garantir o acompanhamento de familiares ou cônjuges com deficiência, o projeto do senador exclui essa exigência. A mesma lei já exime os servidores com deficiência de compensação de horas trabalhadas, mas o benefício não era estendido aos familiares. “É importante ressaltar que o horário especial só é permitido a servidores que comprovem a necessidade por meio de um atestado certificado por uma junta médica”, explica o senador Romário.

O texto já foi aprovado no Senado, com a aprovação da Câmara, segue para sanção do presidente da República.

Novas regras poderão facilitar viagem aérea de pessoa com mobilidade reduzida

Concessionárias de aeroportos podem ser obrigadas a manter rampas e equipamentos para facilitar embarque e desembarque de pessoas com mobilidade reduzida nas aeronaves, conforme prevê substitutivo a Projeto de Lei do Senado (PLS 219/2015) aprovado nesta quarta-feira (5) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

A proposta determina ainda que as empresas aéreas ficarão proibidas de limitar o número de passagens, por voo, destinadas a pessoas com mobilidade reduzida, incluídas as pessoas com deficiência nessa condição. A exceção é para casos onde a limitação seja necessária para atender requisitos da segurança do voo.

Para o conjunto de pessoas com mobilidade reduzida seria assegurado o direito a prioridade no embarque e desembarque, como já é garantido às pessoas com deficiência na Lei 13.146/2015.

As medidas para melhorar o acesso de pessoas com deficiência ou com mobilidade ao transporte aéreo foram propostas pelo senador Romário (PSB-RJ). Com o projeto, ele quer acabar com constrangimentos enfrentados por pessoas com deficiência que tentam acessar serviços de transporte aéreo. Como afirma, companhias aéreas limitam o número de passagens vendidas aos cadeirantes, os quais, quando conseguem adquirir os bilhetes, com frequência precisam ser carregados para acessar as aeronaves.

Mudanças

O texto original, no entanto, foi modificado pelo relator na CDH, Valdir Raupp (PMDB-RO), e pelo relator ad hoc, Sérgio Petecão (PSD-AC), com base em sugestões do senador Hélio José (PMDB-DF). Romário atribuía a cada empresa aérea a responsabilidade por manter equipamentos para o embarque de pessoas com mobilidade reduzida em suas aeronaves. Para os relatores, a norma seria de difícil logística e implicaria aumento de custos e consequente elevação do preço dos bilhetes. Assim, eles delegaram às operadoras dos aeroportos a adoção das medidas, para que sirvam ao conjunto das aeronaves.

Os relatores também modificaram penalidade sugerida por Romário pelo descumprimento das medidas previstas no projeto. No substitutivo, o desrespeito ao direito de pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, por parte do operador aeroportuário, será incluído nos casos previstos no Código Brasileiro da Aeronáutica que resultam na aplicação de multa ou na suspensão de concessão.

O projeto segue agora para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde será votado em caráter terminativo. Se aprovado nessa comissão, poderá seguir para a Câmara dos Deputados, caso não haja recurso para votação do texto pelo Plenário do Senado.

Fonte: Agência Senado

Romário rejeita projeto que autorizava a contratação de pessoas com deficiência sem remuneração

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou, na manhã desta quarta-feira (5), o relatório do senador Romário (PSB-RJ) de rejeição a um projeto de Lei que permitia a contração de pessoas com deficiência como aprendizes (PLS 118/2011). O texto, na opinião do relator, permitia que as empresas usassem a relação de aprendizagem para se desvencilhar das obrigações legais.

A medida visava atender a uma queixa dos empresários, que alegam dificuldade de cumprir a Lei de Cotas. A legislação exige que empresas com 100 ou mais empregados preencham de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência (artigo 93 da Lei 8.213 de 1991), sob pena de multa.

Os beneficiados alegam que as empresas não cumprem as cotas. Enquanto as empresas alegam que não conseguem preencher as vagas por não encontrar os profissionais. Uma das justificativas é a falta de qualificação das pessoas com deficiência. O problema realmente existe. O Censo de 2010 apurou que 61,1% das pessoas com deficiência não tinham ensino fundamental completo. Por isso, antes de apresentar parecer pela rejeição, Romário debateu o assunto com representantes de diversos grupos de interesse, como a Confederação Nacional da Indústria, (CNI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE), o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), os Centros de Referência para Pessoas com Deficiência (CRPD) e da Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (FENAPAE). Da reunião ficou acertado que os envolvidos colaborariam com a produção de uma legislação ampla sobre o tema.

“Quando uma sociedade se decide pela implementação de ideais de igualdade, como é o caso da nossa, a maneira correta de se fazer isso é dialogando com as forças internas desta sociedade”, concluiu Romário em seu relatório.

O parlamentar também rejeitou, no mesmo relatório, o projeto de Lei que aumentava os custos do empresário que descumprissem a Lei de Cotas.

Discurso de Romário sobre a reforma no ensino médio

REFORMA DO ENSINO MÉDIO

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Tivemos, no último domingo, as eleições municipais em 5.570 municípios brasileiros, com muitas capitais e grandes cidades ainda aguardando um segundo turno.

Apesar da agenda política brasileira ainda estar dividida com as questões locais, eu vim a esta Tribuna para falar de um assunto de extrema importância, que se tornou ainda mais urgente em função de uma medida provisória apresentada pelo governo federal, que é a proposta de reforma do ensino médio.

Como presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, conduzimos muitos debates sobre a qualidade do ensino no Brasil. Na voz de educadores, estudiosos, pais e alunos, constatamos a necessidade de promover mudanças profundas em nosso modelo de ensino. Percebemos também que nem sempre há consenso sobre quais medidas podem realmente ajudar.

Infelizmente, mesmo o que está ruim ainda pode piorar, e foi exatamente isso o que aconteceu. O resultado do último IDEB, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, mostrou que a nota do ensino médio segue estagnada desde 2011, ficando muito abaixo e cada vez mais distante da meta prevista. Perdemos, no mínimo, cinco preciosos anos.

Senhor Presidente, isso é uma tragédia que ameaça o futuro da nossa juventude e do nosso país. Estamos falhando em entregar a cada jovem brasileiro as ferramentas mais importantes para o trabalho e para a vida.

É como chegar num campo fértil com energia e disposição, mas apenas com as mãos nuas. Olhamos para o outro lado da cerca e vemos o vizinho usando tratores, sistemas de irrigação e fertilizantes. Se não mudarmos nada, nossa colheita será pouca e o futuro será sombrio.

Diante dessa triste realidade, o governo trouxe a público e apresentou ao Congresso a Medida Provisória 746, que propõe uma reforma no ensino médio. É preciso louvar o fato, Senhor Presidente, de que o governo finalmente reconheceu a urgência e a importância do assunto, ao chamar para si a responsabilidade de propor as mudanças.

Concordo com o mérito, porém discordo da forma. Algo tão importante não poderia chegar a esta Casa na forma de uma Medida Provisória. Entendo que o objetivo foi reduzir o tempo de discussão e votação, mas isso traz o risco de atropelarmos o diálogo.

Uma reforma tão profunda só vai atingir seus objetivos se contar com o apoio de toda a comunidade educacional. Esse apoio tem que ser conquistado através do debate, ouvindo o que cada um tem a dizer. Uma enquete conduzida recentemente pelo Senado mostrou que mais de 90% das pessoas estão contrárias ao projeto. Muito disso vem da forma como foi apresentada a proposta.

Mas o fato é que a MP chegou e agora precisamos nos debruçar sobre ela. Já foram apresentadas 568 emendas ao texto, o que demonstra que este Congresso está atento ao tema. Demonstra também que não existe consenso e que ele precisa ser construído.

As controvérsias são muitas, Senhor Presidente, mas eu preciso destacar um tema muito importante na minha atuação parlamentar, que é a Educação Física nas escolas. O texto da Medida Provisória retira a obrigatoriedade da Educação Física durante todo o ensino médio, e eu discordo totalmente dessa proposta. Este é um enorme equívoco que precisa ser corrigido aqui no Senado.

Por sorte, Senhor Presidente, tenho uma avalanche de argumentos e uma multidão de especialistas que compartilham a minha posição: a educação física é fundamental, indispensável, imprescindível para a formação integral dos jovens de todas as idades.

Nosso país vive uma epidemia de doenças causadas pelo sedentarismo. No Brasil, 52% dos adultos estão acima do peso, e isso gera um enorme custo social. O médico Drauzio Varella deu visibilidade a um estudo mostrando que, em nível mundial, a inatividade física tem um custo de US$67 bilhões, quando se somam os gastos dos sistemas de saúde e os anos perdidos de trabalho.

Um jovem sedentário se transforma em um adulto sedentário, quando será muito mais difícil mostrar os benefícios trazidos pela atividade física. O lugar certo de apresentar isso, de forma prazerosa, é na escola.

Talvez este seja o argumento mais conhecido, mas existe outro ainda mais impressionante: inúmeros estudos científicos demonstram que a atividade física melhora o rendimento escolar. O exercício físico aumenta a oxigenação do cérebro e a atividade neuronal, com isso melhorando a capacidade de concentração, o processamento de informações e a memória. Isso é ainda mais importante na adolescência, quando o cérebro tem maior plasticidade. O estudante que se exercita mais, aprende mais.

Liderança, mediação de conflitos, cooperação, autocontrole, foco, tudo isso se aprende no esporte, que é uma modalidade da educação física. Alguém tem dúvida de como essas habilidades são fundamentais para o sucesso na vida adulta? Não é isso o que chamam de “inteligência emocional”?
Acabamos de promover uma Olimpíada e uma Paralimpíada no Brasil, e é tempo de pensar nos próximos ciclos olímpicos. Será que retirar a atividade física do ensino médio, que é exatamente onde nascem os atletas que serão futuros campeões olímpicos, é coerente com todo o investimento que fizemos? É isso o que espera a nossa juventude?

Por tudo isso, Senhor Presidente, é que apresentei uma emenda à MP 746, para que a educação física não apenas seja disciplina obrigatória em todo o ensino básico e fundamental, mas que também seja expandida e diversificada. Seis em cada dez escolas do Brasil não têm quadra de esportes. No Rio de Janeiro, quase metade das escolas não tem um espaço adequado para a prática de atividade física. Esse deve ser o foco: melhorar a infraestrutura e ter professores de educação física capacitados e estimulados.

A questão de quais disciplinas devem ser obrigatórias é um tema que precisa ser discutido com cuidado, considerando as contribuições da Base Nacional Comum Curricular, que está sendo revisada. Considero muito importante que a nossa juventude aprenda sobre cidadania, através do estudo da Constituição brasileira durante o ensino médio e apresentei um Projeto de Lei nesse sentido. O mesmo pode ser dito do ensino de Artes, que abre caminho para outro tipo de inteligência.

São muitas possibilidades, mas tenho certeza de que é possível achar um caminho. Por isso eu queria terminar fazendo um apelo a todos os parlamentares. Sei que são muitas as obrigações de todo Senador e todo Deputado, mas eu peço que deem a máxima atenção à discussão deste tema. A Comissão de Educação, Cultura e Esporte, sob minha presidência, está aberta para ser um fórum de debates sobre essa proposta de reforma.
Aprendemos, da maneira mais amarga possível, quanto custa negligenciar a educação, e por isso não temos mais tempo a perder. Chegamos a uma encruzilhada, onde um caminho acertado pode representar um salto para o futuro que tanto sonhamos. É um compromisso que precisamos assumir, com total dedicação, em nome de todos esses jovens que nos assistem e dos brasileiros que ainda nem nasceram.
Era isso o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.

Reforma no ensino médio por MP prejudica o debate, diz Romário

O senador Romário (PSB-RJ), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), disse que a reforma do ensino médio é realmente necessária. Ele lamentou, no entanto, que o governo Temer tenha proposto as mudanças por meio de medida provisória (MP), pois entende que isso prejudica o debate.

O senador disse não haver consenso sobre o que precisa ser feito para melhorar o ensino médio, mas, a seu ver, as mais de 560 emendas apresentadas à MP demonstram que os parlamentares estão atentos ao assunto e que não há realmente unanimidade. “O consenso precisa ser construído”, observou.

Romário disse ser contra a retirada da obrigatoriedade da educação física no ensino médio e já propôs uma emenda para mudar isso. “É um enorme equívoco que precisa ser corrigido”, afirmou, ao ressaltar que diversos especialistas alegam ser a educação física imprescindível à formação integral do jovem.

— Um jovem sedentário se transforma em um adulto sedentário, quando será muito difícil mostrar os benefícios da atividade física. O lugar certo de apresentar isso de forma prazerosa é na escola. Inúmeros estudos científicos mostraram que a atividade física melhora o rendimento escolar. O exercício físico aumenta oxigenação do cérebro e a atividade neuronal, com isso, melhorando a capacidade de concentração, o processamento de informação e a memória. O estudante que se exercita, consequentemente, aprende mais — explicou o senador.

Romário advertiu, no entanto, ser necessário garantir aos jovens espaço e estrutura adequados à prática esportiva nas escolas. No Rio de Janeiro, por exemplo, quase metade das escolas não dispõe do espaço para atender os alunos.

Fonte: Agência Senado