Vôlei: Romário sugere CPI do Esporte Olímpico
Publicado em 19 de março de 2014 às 19:44
Motivado pelas recentes denúncias de irregularidades financeiras na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), o deputado federal Romário (PSB-RJ) defendeu, nesta quarta-feira (19), que a Câmara dos Deputados colabore com as investigações realizadas na CBV e sugere CPI.
“Apesar da proximidade da Copa do Mundo, consulto os nobres colegas parlamentares sobre a oportunidade de uma CPI do Esporte Olímpico, a fim de passarmos a limpo a realidade das entidades gestoras que, ressalto, são todas financiadas por verbas públicas”, defendeu.
As denúncias da emissora ESPN mostraram que o superintendente da confederação, Marcos Pina, era dono da SMP Logística, empresa de marketing que negociava os contratos do vôlei com o Banco do Brasil, faturando R$ 10 milhões de comissão. Para Romário, um evidente desperdício de dinheiro público.
“Isso é gravíssimo, pois a CBV é patrocinada pelo Banco do Brasil, recebe recursos do governo federal, da Lei Agnelo Piva e da Lei de Incentivo ao Esporte”, apontou. Após as denúncias, tanto Marcos Pina como o presidente da confederação, Ary Graça, deixaram os seus respectivos cargos.
Marcos Pina e Ary Graça são ex-jogadores da seleção brasileira. “Já representaram o nosso país em competições internacionais e agora mancham as cores nacionais que já defenderam. Uma vergonha!”, declarou o parlamentar.
Leia o discurso na íntegra:
O mais recente escândalo financeiro em nosso país vem do esporte, lamentavelmente.
Reportagens publicadas por Lúcio de Castro, da ESPN, revelaram que a poderosa Confederação Brasileira de Vôlei está sob suspeitas de irregularidades financeiras.
E isso é gravíssimo, pois a CBV é patrocinada pelo Banco do Brasil, recebe recursos do governo federal, da Lei Agnelo Piva e da Lei de Incentivo ao Esporte.
Uma das denúncias mostrou que o superintendente da confederação, Marcos Pina, era, também, dono da empresa SMP Logística.
Era essa empresa de marketing que negociava os contratos do vôlei com o Banco do Brasil, faturando R$ 10 milhões de comissão, num evidente desperdício de dinheiro público.
Após as denúncias, tanto Marcos Pina como o presidente da confederação, Ary Graça, deixaram os seus respectivos cargos. E eu queria lembrar que esses dois senhores envolvidos nas denúncias de corrupção são ex-jogadores da seleção brasileira.
Já representaram o nosso país em competições internacionais e agora mancham as cores nacionais que já defenderam. Uma vergonha!
Ora, se isso ocorre com o vôlei, premiadíssima modalidade, nas quadras e na praia, escola que se tornou referência no mundo, o que não estará ocorrendo nas confederações das demais modalidades?
O interessante, Senhor Presidente, é que essas denúncias já eram feitas em 1997, através do técnico Bebeto de Freitas, conforme reportagens da época, agora recuperadas. E que providências o governo adotou para evitar que o abuso se perpetuasse?
Para piorar, soube que alguns jogadores do vôlei beneficiados pelo Bolsa Pódio – que deveria oferecer mais apoio aos atletas com chance de disputar pódio nos Jogos Rio 2016 – têm recebido apenas parte dos valores a que tem direito. Ora, para onde estão indo os recursos que deveriam ir direto para os atletas?
Sabemos que as confederações de Tênis e a de Basquete também apresentam graves irregularidades, já reveladas pelo competente jornalista José Cruz.
Mas até agora não soubemos de uma só iniciativa do Ministério do Esporte para evitar que a situação se agrave, e ambas entidades continuam recebendo verbas públicas.
Não seria oportuno esta Casa também entrar nas investigações sobre as finanças do nosso esporte, em apoio à auditoria que a Controladoria Geral da União realiza na Confederação de Vôlei?
Apesar da proximidade da Copa do Mundo, consulto os nobres colegas parlamentares sobre a oportunidade de uma CPI do Esporte Olímpico, a fim de passarmos a limpo a realidade das entidades gestoras que, ressalto, são todas financiadas por verbas públicas.
Voltarei a este assunto, mas lanço as sugestões para oportunas consultas.
O fato é que não podemos fechar os olhos à realidade. Isso significaria omissão e esta Casa tem o dever, o compromisso de também fiscalizar o bom uso das verbas públicas.
Muito obrigado