Romário rebate anulação de convocações da CPI do Futebol
Publicado em 07 de abril de 2016 às 19:13
Só uma palavra define meu sentimento neste momento: PERPLEXIDADE.
Estou absolutamente perplexo com a decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, de refazer a votação de requerimentos na sessão de ontem da CPI do Futebol, que aprovou a convocação de testemunhas fundamentais para o andamento dos trabalhos.
A validade da sessão foi colocada sob suspeita depois que o senador Ciro Nogueira alegou, ontem à noite em Plenário, que não havia quórum necessário para a votação. Em sua decisão, Renan Calheiros afirma que tomou o cuidado de verificar todos os procedimentos da votação e pode atestar a legalidade dos procedimentos ao conferir, não só o vídeo da sessão, como também a autenticidade das assinaturas dos senadores que registraram presença. Diante disso, PASMEM, ele tornou sem efeito as deliberações da sessão e mandou refazer a votação.
Para vocês entenderem como foi o jogo, vou explicar como chegamos até aqui. Marquei uma sessão para votar a convocação de Del Nero e seu filho, de Ricardo Teixeira, do empresário Wagner Abrahão e do prefeito do município de Boca da Mata, Gustavo Feijó. Os aliados da CBF decidiram boicotar a sessão para que os requerimentos não pudessem ser aprovados. Mas eles calcularam mal, além de mim, outros cinco senadores registraram presença e conseguimos o quórum necessário para colocar as convocações em votação e aprová-las. Eles perderam, mas não aceitaram a derrota e apelaram.
O “juiz” Renan Calheiros, presidente do Senado e profundo conhecedor do regimento interno desta Casa, anulou a jogada e mandou que ela fosse refeita. O problema é que ele não mencionou uma única norma interna ou artigo da Constituição que respaldasse sua decisão monocrática.
Ouço vaias da torcida!
Diferentemente da população, o presidente Renan sabe que maior parte das votações no Congresso são simbólicas, com isso, precisamos da assinatura dos senadores e do voto da maioria presente para aprovarmos requerimentos. Invalidar uma sessão sob este argumento é mais que esdrúxulo, é inventar uma decisão ao arrepio da lei. E pior, para beneficiar um grupo aliado à corrupta Confederação Brasileira de Futebol.
O fato é tão absurdo que, imediatamente após o anúncio de sua decisão, vários senadores se revezaram ao microfone para contestar a determinação e pediram que a decisão fosse submetida ao Plenário. Isso é o que será feito.
Que fique claro: a decisão de Renan NÃO É DEFINITIVA, TODOS OS SENADORES SERÃO CHAMADOS a opinar, depois de uma primeira análise na Comissão de Constituição e Justiça.
Durante sua fala, hoje à tarde, o presidente do Senado chegou a afirmar que a votação foi um “gol de mão”. Tenho certeza que o senador Renan não conhece nada de futebol para afirmar uma barbaridade dessa. Gol de mão, com ou sem intenção, é ilegal. Muito diferente da votação de ontem.
Renan Calheiros admitiu hoje que integra o time do 7×1 e acaba de marcar mais um gol, contra o nosso futebol, é claro. O placar já marca 8×1 e contando… porque o jogo ainda não acabou.