Romário realiza audiência pública para debater o uso de anabolizantes no esporte
Publicado em 03 de abril de 2019 às 17:50
O senador Romário Faria (Pode-RJ), por meio da Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, realizou na manhã desta quarta-feira (03), uma audiência pública para debater o uso de anabolizantes e doping no fisiculturismo. “Criminalizar o doping é uma questão de preservar a saúde pública. Tem gente sendo iludida e morrendo por conta disso”, afirmou Romário, depois de duas horas de audiência com autoridades do governo e do esporte, nesta quarta-feira.
As principais denúncias sobre o crescimento do uso de foram apresentadas pelo presidente da Confederação Brasileira de Musculação, Fisiculturismo e Fitness, Maurício de Arruda Campos. Profissional de educação física e com vários anos de atuação no setor, em órgãos internacionais, inclusive, Maurício lembrou que o doping não se restringe ao fisiculturismo, mas, “lamentavelmente”, está em todas as modalidades, assim como nas academias. “O doping é um problema social e de saúde pública”, disse ele. E alertou que a propagação das drogas ocorre, também, em eventos de fisiculturismo promovidos por entidades que visam exclusivamente o lucro, como a NPC, que não realiza exame de doping nos competidores.
“O governo precisa se envolver e proibir tais eventos, que atentam contra a vida dos jovens”, complementou Alexandre Bortolato, representante da Federação Internacional de Fisiculturismo. Segundo Bortolato, há várias empresas no mundo promovendo eventos com a intenção de incentivar o consumo de drogas e, com isso, movimentar um milionário comércio de drogas. Um desses eventos será realizado este ano, em São Paulo, com o apoio do ex-fisiculturista e ator Arnold Schwarzenegger. Famoso pelo corpo super definido. De acordo com os representantes, por ser uma figura pública, ele também acaba influenciando os mais jovens ao consumo de anabolizantes.
A prática do fisiculturismo dentro das normas internacionais e com alimentação regrada visa oferecer qualidade de vida aos atletas. Mas acaba se tornado uma corrida ao mercado negro para obter anabolizantes ou hormônios do crescimento. Com o tempo, o corpo reage e surgem vários e graves problemas de saúde, como complicações cardiológicas, hepáticas etc.
Assim, os que queriam se tornar atletas acabam influenciados de forma enganosa por quem não tem compromisso nem com o esporte e muito menos coma saúde. “E o poder público não está fazendo absolutamente nada contra essa agressão”, afirmou Alexandre Bortolato.
O chamamento para que o Legislativo se envolva no combate aos que exploram a prática do esporte de forma ilegal motivou o senador Flávio Arns sugerir a redação de um projeto de lei da Comissão de Assuntos Sociais, dando garantias aos órgãos do poder púbico a agir contra as falsas instituições promotoras de eventos. “Precisamos colocar, também, a Polícia Federal nesse combate. Vamos trabalhar para promover a saúde e combater as entidades piratas que promovem eventos não-oficiais, complementou o senador Romário”.
À audiência pública compareceram 40 alunos do Centro de Ensino Fundamental 07 (CEF 07), de Ceilândia, no Distrito Federal, que mereceram uma mensagem do senador Styvenson Valentim: “Há casos em que o médico recomenda o uso de esteroides, mas não para ganhos estéticos, para ficar mais bonito, alto ou veloz. Quantas pessoas famosas usaram anabolizantes e se arrependeram?”
Os senadores Romário, Leila Barros, Flávio Arns e Styvenson Valentim se comprometeram encaminhar às autoridades uma denúncia sobre os riscos para a comunidade com a realização de eventos de fisiculturismo, que tem como organizadores empresas que incentivam o uso dessas drogas. “Além da saúde, é um problema de segurança pública e a Polícia Federal precisa agir nessas competições não oficiais”, afirmou Romário.
Da audiência pública também participou a advogada Tatiana Mesquita Nunes, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem. “É preciso uma medida legislativa para que o Estado possa agir contra as entidades promotoras de eventos paralelos ao comércio de drogas proibidas”, disse ela. “Temos preocupação com as competições que não realizam o controle de dopagem. Prevenção e educação são importantes no combate ao doping. Não é só garantia de uma competição justa. O doping é uma questão social, uma questão de saúde pública. Estamos falando na garantia da saúde de nossos atletas, quer amadores, quer profissionais. O Tribunal atua na medida em que é demandado”, finalizou a advogada.