Para Romário, a Paralimpíada vai incentivar as pessoas com deficiência a praticar esporte
Publicado em 24 de agosto de 2016 às 14:32
Nesta quarta-feira, o Comitê Paralímpico Internacional publicou uma entrevista concedida pelo senador Romário (PSB-RJ) no site da entidade. O ex-atleta tem uma filha com síndrome de Down, Ivy, de 11 anos, e é embaixador do movimento paralímpico brasileiro.
Romário acredita que o evento será um sucesso no país, promovendo o orgulho nacional.
Veja a íntegra da entrevista:
Como você se envolveu no Movimento Paralímpico?
O envolvimento mais concreto foi depois do nascimento da minha filha Ivy, que tem síndrome de Down. Ivy abriu meus olhos para a causa das pessoas com deficiência.
Você é parte do Programa de Embaixadores do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Qual é o seu papel no programa e por que acha que é importante para o crescimento do Movimento Paralímpico no Brasil?
Eu me sinto muito honrando por ter sido convidado para ser um embaixador. Meu principal papel é divulgar o esporte paralímpico e seu papel transformador. O movimento paralímpico é capaz de combater o preconceito contra as pessoas com deficiência e seu alcance vai fazer a sociedade compreender, em breve, a capacidade de realização dessas pessoas. Se elas conseguem vencer no esporte, também conseguem na vida privada e no trabalho. Isso vai abrir muitas portas para as pessoas com a deficiência e toda sociedade vai usufruir dos benefícios dessa inclusão.
O que você já fez para tentar aumentar essa consciência?
Tenho alguns caminhos. O principal deles é minha atuação política, dentro do Congresso Nacional. Em 2015, tivemos uma importante vitória, que foi aumentar o volume de recursos destinados ao esporte paralímpico. Além disso, uso a internet para falar sobre o assunto, através dos meus canais de comunicação nas redes sociais. Com todos os meus perfis somados, tenho um público de quase 5 milhões de pessoas.
Conte como foi a sua primeira experiência com o esporte paralímpico. Quais foram suas primeiras impressões?
Fui convidado para participar de jogos de algumas modalidades, já joguei futebol de 7 com atletas com deficiência visual. É uma experiência fantástica. Eu, que sempre fui um goleador e a visão era um dos meus principais sentidos, me senti completamente perdido dentro da quadra. Mas, assim como eles, superei minhas dificuldades iniciais e consegui marcar gols, mesmo vendado.
O Brasil sediará os primeiros Jogos Paralímpicos da América Latina. Que impacto você acha isso terá na sociedade?
Espero que mais e mais pessoas sejam impactadas pela força transformadora do esporte paralímpico. Como disse, se conscientizar da capacidade das pessoas com deficiência é importante para todas as pessoas, nações. Além disso, a competição vai incentivar mais pessoas com deficiência a experimentarem os benefícios do esporte.
Como você decidiu que queria entrar na política?
Isso foi depois do nascimento da Ivy. Percebi que pessoas como ela precisam de cuidados específicos e que nem todos os pais têm condições de garantir isso aos seus filhos. Então resolvi ser uma voz na política pela causa.
Como ex-atleta, houve alguma habilidades e conhecimento que você adotou em sua carreira política?
O esporte é muito diferente da política. O que trouxe foi minha determinação e coragem. Ademais, tive que aprender muita coisa, estudar muitos assuntos para votar sempre de acordo com o interesse da população.
Que conselho você daria para um atleta que quer entrar para a política?
Primeiramente, estudar o sistema político do seu país. Saber exatamente como funciona e qual o dever de cada cargo para, a partir daí, identificar em qual função você poderá atuar melhor. E, mais importante, ter em mente que a política é um instrumento para melhorar a vida das pessoas e não para conquistar o poder ou enriquecer ilicitamente.
Como o esporte é importante para as pessoas com uma deficiência?
O esporte é bom para o corpo e para a mente. Além de nos manter saudáveis, nos dá disciplina, foco, nos ensina a respeitar a vitória e a derrota. Isso é fundamental para se viver bem. Os efeitos são similares para as pessoas com deficiência, com o plus de promover reabilitação, melhorar a autoestima e combater o preconceito.
Tendo sido um jogador de futebol de sucesso, há algum conselho que você pode dar aos jovens que estão apenas começando suas carreiras desportivas?
Acredite em você mesmo e corra atrás do seu sonho.
Você acha que precisamos de mais lendas do esporte como você, que se envolvam com o desenvolvimento do esporte?
O esporte foi muito generoso comigo e me sinto na obrigação de retribuir. Quanto mais ex-atletas tivermos nessa frente, maiores serão as chances do esporte se tornar cada dia mais forte. A visão do atleta é privilegiada e pode contribuir muito fora das quadras, das piscinas e dos campos.
Brasil tem enfrentado desafios políticos e econômicos recentemente. Você acha que os Jogos Paralímpicos podem restaurar o orgulho no povo brasileiro?
Com certeza, o esporte olímpico já tem feito isso. Quando os Jogos Paralímpicos começarem, será uma grande celebração do orgulho nacional.