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E o Juca Kfouri, hein?

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 18:27

Em 27 de julho deste ano, em seu blog no UOL Esporte, o exigente jornalista Juca Kfouri reconheceu que, no time que conquistou a Copa de 1994, era eu e mais dez. E reforçou: “Sem Romário o Brasil não teria vencido a Copa. Aliás, se não fosse ele talvez o Brasil nem fosse àquela Copa, classificada por Romário pelos dois gols que fez contra o Uruguai no Maracanã”.

Em 2016, o mesmo jornalista esteve na primeira sessão de depoimentos da CPI do Futebol, quando conheceu a minha proposta para se ter seriedade nas investigações, apesar do jogo pesado e desonesto armado pela CBF.

Ao final da CPI e a meu convite, Juca Kfouri prefaciou o livro que lancei, “Um olho na bola, outro no cartola – o crime organizado no futebol brasileiro”. O livro é uma síntese do relatório alternativo que apresentei à CPI do Futebol, onde estão os indícios de todas as manobras para os cartolas da CBF enriquecerem às custas da Seleção Brasileira. Kfouri leu e gostou: “Trata-se de um documento para a história”, escreveu.

Pois no domingo passado, em artigo que publicou na Folha de S.Paulo, Kfouri fez críticas à proposta que cria o clube-empresa e lascou que contam com o meu apoio para aprovar uma legislação que facilitaria a vida dos cartolas. Para ele, eu estou sendo “oportunista na vida política como foi na grande área”.

Não é a primeira vez que esse jornalista me chama de “oportunista”. Fez isso em 2015, quando não votei favoravelmente ao Profut, a lei que refinanciou a dívida dos clubes. Alertei, em discurso, que a cartolagem se beneficiaria dos privilégios da lei sem ser responsabilizada pelos desmandos financeiros, que continuariam. Não deu outra. Hoje, boa parte dos caloteiros dão uma banana para o governo, que insiste cobrá-los, mas sem poder aplicar qualquer punição. Isso é ser “oportunista”?

Naquela ocasião, o jornalista foi mais maldoso ao me chamar de “cínico”! E sabem porquê? Porque eu defendia um artigo no projeto de lei que punisse a CBF, justamente a entidade que comanda os desmandos no nosso futebol. Fui voto vencido e sai de campo como “cínico” e “oportunista”.
Hoje, cinco anos depois daquele meu posicionamento, e a continuidade do trambique, quem está com a razão? E, agora, insiste querendo me reposicionar? Com autoridade de jornalista ultrapassado? A pressa em querer informar, faz com que Kfouri desinforme os seus leitores, mesmo utilizando espaço tão nobre como o da tradicional Folha de S.Paulo.

Na verdade, o projeto para tornar clubes em empresas nem sequer foi debatido na Câmara. É só um projeto de lei, e só depois de lá ser votado é que virá para o Senado. Mas o experiente jornalista insiste em me acusar de cúmplice da ilegalidade, ignorando que a tramitação de um projeto serve justamente para se fazer as correções necessárias.

Ao me ver como “oportunista”, no campo de jogo e na política, além de maldoso o jornalista presta um desserviço ao leitor. Sem ter me consultado a respeito do que escreveu acabou mentido, o que confronta com o rigoroso nível de informação dos veículos nos quais atua.

Além de não me ouvir, Juca Kfouri não teve o trabalho de ir ao Google pesquisar os oito anos e meio de minha atuação parlamentar. E ali constatar sobre a minha atuação na Lei Brasileira de Inclusão, documento valioso para as pessoas com deficiências. Ou sobre o meu trabalho de cinco anos para incluir o medicamento Spinraza entre os distribuídos gratuitamente pelo SUS, evitando gastos milionários dos pacientes que sofrem com a Atrofia Muscular Espinhal.

A minha atuação na presidência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte e, agora, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado também foram ignorados, porque, já estava escrito, por ele, que sou “oportunista”, como fui no futebol.

Grotesca essa comparação do jornalista, porque, se o “oportunismo” de agora se equivale ao do meu tempo de atleta, a eficiência está em campo: como profissional da bola fui artilheiro por ele mesmo reconhecido.