Data: 31/08/2016
Discurso final do processo de Impeachment de Dilma Rousseff
DISCURSO DA SESSÃO DE JULGAMENTO
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Senadores,
Esta é a terceira vez que o Senado se reúne para votar neste processo de impeachment. Desta vez, assumiremos o papel de juízes para tomar, em conjunto, uma decisão definitiva que encerrará esses longos meses de audiências e debates.
Mais uma vez na vida, estou assumindo um papel que nunca imaginei cumprir. Desta vez, porém, não é algo que eu faça com alegria. Mas é algo que faço com serenidade, consciência limpa e a certeza de estar cumprindo o meu dever.
Na minha crença, sei que a única justiça perfeita é a justiça divina. Tenho limitações, como todo ser humano, mas tenho um mandato a honrar e um juramento a cumprir, que é de guardar a Constituição Federal e as leis do país.
Senhor Presidente, é um momento triste quando se decide afastar uma Presidente da República. É um momento grave, é um caminho que se usa apenas quando a força da lei e o peso de um crime de responsabilidade não deixam nenhuma opção. Infelizmente, foi isso o que aconteceu.
Os crimes de responsabilidade foram demonstrados com detalhes no relatório do Senador Anastasia. Durante meses, acompanhamos os trabalhos da Comissão de Impeachment, presidida com muito equilíbrio pelo Senador Raimundo Lira. Não resta dúvida de que houve crime, e nem há dúvida sobre o que determina a nossa lei: o impeachment da Presidente é o inevitável desfecho.
Por isso, Senhor Presidente, convencido pelos fatos e amparado pela minha consciência, votarei pelo afastamento definitivo da Presidente Dilma.
Terminado o julgamento e confirmado o resultado, será a hora de virar essa página. Meu desejo é que as diferenças que surgiram nesses últimos meses, e que dividiram o Senado e o Brasil, sejam deixadas de lado. Que esta Casa se torne um lugar de convergência e diálogo, unindo o país em torno de um objetivo comum, que é a superação da crise.
Muitas medidas firmes precisam ser discutidas e aprovadas neste Congresso para colocar o motor da economia em funcionamento. Muitas batalhas para manter direitos sociais conquistados ainda serão travadas aqui. Não é hora de remoer mágoas: o momento é de reconstrução, de união e de trabalho duro.
Senhor Presidente, vou repetir agora o que falei em meu discurso anterior: eu, Senador Romário, não apoiarei nenhuma medida que retire garantias sociais ou direitos do trabalhador, conquistados com tanto suor. É pelas mãos dos trabalhadores que sairemos dessa crise, e não penalizando aqueles que mais fizeram e fazem pelo Brasil.
Nosso país tem bases fortes, tem gente trabalhadora e vai voltar a crescer. Não devemos subestimar a crise, mas não podemos deixar que ela nos tire a esperança do futuro. Aprendendo com os erros cometidos, mudando a forma de fazer política e aproximando a população de seus representantes, construiremos uma democracia mais forte e um país mais justo. É nisso que eu acredito e é para isso que eu estarei trabalhando. Muito obrigado.