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Universidades poderão criar fundos para gerir doações

Publicado em 22 de setembro de 2015 às 17:55

Brasília – As universidades públicas poderão criar fundos vinculados para receber e administrar recursos provenientes de doações de pessoas físicas e jurídicas. É o que determina o projeto de lei (PLS 16/2015) aprovado nesta terça-feira (22) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). O PL, de autoria da senadora Ana Amélia (PP-RS), ainda precisa ser examinado, em decisão terminativa, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

O relatório do projeto foi elaborado pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS) e procura consolidar no Brasil uma tradição bastante comum nos Estados Unidos e em outros países: as doações por parte de ex-alunos ou empresas visando o fortalecimento do ensino ou o desenvolvimento das pesquisas.

Simone reforçou que fundos com esse objetivo já vêm sendo adotados por diversas instituições públicas e privadas, como o Instituto Técnico Aeroespacial (ITA), a Fundação Getúlio Vargas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Escola Politécnica e a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, ambas da Universidade de São Paulo.

A senadora acredita que um dos grandes obstáculos para a disseminação dessa prática, além de nossa pequena tradição no assunto, é a ausência de uma legislação apropriada.

“Esses fundos têm um enorme potencial de arrecadação, como já mostram os EUA, e deverão servir só para pesquisa e inovação, diminuindo assim o impacto das intervenções políticas”, observou.

Simone lembrou que o financiamento das instituições de ensino superior públicas no Brasil tem enfrentado muitos problemas. Mantidas pelo Estado, essas instituições têm pouca tradição na captação de recursos privados, e agora passam por restrições orçamentárias ainda mais graves.

Buscando fortalecer a cultura de doações no Brasil, a senadora também incluiu a possibilidade de criação desses fundos por parte de hospitais sem fins lucrativos, museus e entidades de apoio à cultura. O objetivo é incrementar o terceiro setor.

Apoio
O senador Dalírio Beber (PSDB-SC) exaltou a matéria por vincular diretamente a participação dos doadores aos investimentos em pesquisa e inovação. A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) também votou a favor, apenas espera que na Comissão de Assuntos Econômicos instituições como a Associação dos Docentes em Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) sejam mais consultadas.

A senadora Marta Suplicy (sem partido-SP), que estudou na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, confirmou a importância desses fundos para o desenvolvimento científico e tecnológico do país.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) espera que o projeto também provoque uma mudança cultural no próprio ambiente acadêmico brasileiro, a seu ver ainda refratário à participação de recursos privados.

O senador Douglas Cintra (PTB-PE) manifestou interesse em relatar o projeto na CAE e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) também elogiou Simone por ter ampliado o escopo inicial da proposta.
*Com informações da Agência Senado