Paralimpíada mostrou ser um evento de emoções nunca vividas pelos brasileiros
Publicado em 21 de setembro de 2016 às 17:53
Com o encerramento dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro o Brasil fechou uma década de realizações dos maiores eventos esportivos do mundo.
Mas precisamos reconhecer que a Paralimpíada mostrou ser um evento de emoções nunca vividas pelos brasileiros, pois a performance dos para-atletas confirmou que não há limites para os desafios humanos. No currículo de cada competidor há histórias diferenciadas, mas boa parte com trajetórias de quem se tornou atleta pela violência, como os que foram vítimas de conflitos militares mundo afora.
Outro dado que reforça a importância da prática esportiva entre os deficientes foi revelado em pesquisa do DataSenado, com 888 para-atletas brasileiros: metade deles só chegou ao esporte motivados pela tentativa de se reabilitar da deficiência adquirida. E apenas 11% dos entrevistados já praticavam o mesmo esporte que os levaram aos Jogos do Rio de Janeiro.
A mesma pesquisa mostrou que, lamentavelmente, o preconceito ainda persegue a comunidade dos deficientes, da qual fazem parte 20% da população brasileira. Conforme o DataSenado, 70% dos para-atletas ouvidos afirmaram já ter sido vítimas de algum tipo de discriminação. Isso demonstra como ainda somos um país mal-educado para promover a inclusão, enquanto cresce a importância da escola para reverter esta realidade.
Embalado pelo entusiasmo dos Jogos Olímpicos, o torcedor brasileiro foi às competições paralímpicas na esperança de ver, quem sabe, “apenas” o desempenho do atleta “imperfeito”. E foi surpreendido com a “perfeição” nos limites de cada deficiência. Os Jogos, enfim, nos ensinaram como esporte constrói a disciplina pessoal e promove a integração social, o principal legado que se pode desejar.
Como escreveu a professora Katia Rúbio, da Universidade de São Paulo, “Os Jogos Paralímpicos são a representação maior da superação daquilo que se usou denominar imperfeição”.
O momento é de homenagens aos 4.333 atletas que disputaram os Jogos do Rio de Janeiro, e, em especial, aos 287 astros brasileiros, responsáveis pela conquista de 72 medalhas, expressiva evolução sobre as 43 obtidas nos Jogos de Londres-2012.
A Paralimpíada do Rio de Janeiro entrou para a história do nosso esporte. E as disputas, que colocaram o Brasil entre as oito potências do mundo.
Neste Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, o Brasil sócio-esportivo tem mais um motivo para comemorar e, principalmente, provocar a conscientização da igualdade entre as pessoas, que começa pelo indispensável princípio da inclusão.