Mizael Conrado é eleito presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro
Publicado em 03 de abril de 2017 às 11:54
O Comitê Paralímpico Brasileiro elegeu nesta sexta-feira, 31, o quarto presidente de sua história. O ex-atleta de futebol de 5 (para cegos) e bicampeão paralímpico Mizael Conrado foi eleito por aclamação para o mandato de quatro anos à frente da entidade. Formam a diretoria executiva junto com Mizael os primeiro e segundo vice-presidentes, respectivamente, Naíse Pedrosa e Ivaldo Brandão. Mizael assume agora o cargo que era ocupado por Andrew Parsons desde 2009.
Mizael Conrado é o primeiro medalhista paralímpico a assumir o cargo de presidente do CPB. O ex-atleta, além das medalhas de ouro nos Jogos de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008, ainda foi considerado o melhor jogador de futebol de 5 do mundo em 1998.
“É com grande emoção que assumo essa presidência. Sei que teremos grandes desafios e maior ainda será a responsabilidade. Essa responsabilidade vem com o compromisso de dar o melhor de mim para dar a oportunidade para aqueles que ainda não tiveram acesso ao esporte paralímpico. Quero estar à altura deste movimento e honrar os outros presidentes que formaram o alicerce do que temos hoje. Meu antecessor, Andrew, deixou como grande legado a harmonização do movimento paralímpico e assumo aqui o compromisso de manter essa harmonia. Juntos nos fortalecemos!”, disse Mizael.
O novo presidente ocupou o cargo de vice-presidente durante os dois mandatos de Andrew Parsons. Agora ex-presidente, Parsons acedita que o CPB continuará com o bom trabalho em busca do desenvolvimento do esporte paralímpico do Brasil.
“Desejo a maior sorte do mundo para a nova diretoria executiva. São três pessoas extremamente capazes. Com o Brandão tive uma parceria de quatro anos, com o Mizael, de oito anos. A visão do Mizael de ex-atleta, aliado com a experiência que agora ele tem como gestor, vai levá-lo a ser um grande presidente. Tenho certeza que vai levar o movimento paralímpico não só a lugares mais altos do quadro de medalhas dos Jogos de Tóquio, mas também trará avanços dando oportunidade às pessoas com deficiência para a prática de esporte em todos os seus níveis”, observou Parsons.
Enquanto vice-presidente do CPB na gestão de Parsons, Mizael teve importante atuação na questão da aprovação do estatuto da pessoa com deficiência, a Lei Brasileira da Inclusão (Lei 13.146/2015), que, entre outros benefícios, aumentou os investimentos no esporte paralímpico nacional.
Os relatores da lei no Senado, Romário, e na Câmara dos Deputados, Mara Gabrilli, peças importantíssimas para a aprovação do estatuto, apoiaram a escolha de Mizael para o cargo mais alto do movimento paralímpico nacional.
“Mizael Conrado assumir a presidência do Comitê Paralímpico Brasileiro é um fato que me enche de orgulho. Ter uma pessoa cega e ex-atleta à frente do CPB é muito simbólico. Especialmente no nosso país, onde quase não vemos ex-atletas gerindo o esporte. Isso, com certeza, fará toda diferença, porque a experiência da prática traz um ponto de vista privilegiado. Além disso, Mizael é advogado por formação. Fica, então, meu desejo de sucesso a ele e ao esporte paralímpico brasileiro”, disse Romário, que além de senador, é embaixador paralímpico.
“Mizael é um amigo e grande parceiro que tenho na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Além de ter defendido com suor e muita garra as cores da bandeira brasileira mundo afora como atleta, onde se consagrou como um dos melhores do mundo, é um grande conhecedor da legislação sobre as pessoas com deficiência. Desejo todo o sucesso à frente do CPB e tenho a certeza de que a partir de agora vamos trabalhar ainda mais juntos para fortalecer o esporte paralímpico do Brasil”, afirmou Mara Gabrilli.
Conselhos Fiscal e Deliberativo e Representante de Entidade Olímpica
Além da diretoria executiva, também foram escolhidos na tarde desta sexta-feira os membros dos Conselhos Fiscal e Deliberativo e ainda o representante das entidades nacionais de administração do desporto olímpico.
Para o Conselho Fiscal, os escolhidos foram Gustavo Delbin (12 votos), Marcelo Corrêa (8 votos) e Sidney de Oliveira (7 votos). No Conselho Deliberativo, Márcia Campeão (11 votos) e Jesus Thomaz Tarja (7 votos) foram os mais votados. O representante de entidades nacionais olímpicas junto ao Conselho Deliberativo será Alaor Azevedo, indicado pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa.
Entenda a eleição
Para a eleição da diretoria executiva do CPB, votam entidades esportivas com representação no esporte paralímpico e o conselho de atletas. Ao todo, 14 votos são contabilizados no pleito.
Conheça Mizael Conrado
Bicampeão paralímpico no futebol de 5 (para cegos), Mizael Conrado é formado em Direito pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). O e-atleta assumiu em março de 2017 a presidência do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Entre 2009 e 2017, exerceu a função de vice-presidente e secretário-geral da entidade durante os mandatos de Andrew Parsons.
Atualmente, Mizael também ocupa o posto de vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP). Foi ainda peça-chave na aprovação da Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que elimina barreiras de acessibilidade no transporte, na moradia, nos serviços, na educação, no esporte, no exercício da cidadania e beneficia cerca de 50 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência e mobilidade reduzida.
Natural de Santo André (SP), Mizael Conrado de Oliveira nasceu cego devido a uma catarata congênita. Após quatro cirurgias, ainda bebê, começou a enxergar. Aos nove anos, teve um descolamento de retina, que iniciou a perda de sua visão. Ficou completamente cego aos 13 anos. Foi no Instituto Padre Chico, escola especial para deficientes visuais, onde Mizael teve seu primeiro contato com o futebol de 5.
Com a Seleção Brasileira da modalidade, foi campeão latino-americano (1994), tricampeão da Copa América (1997, 2001 e 2003), campeão mundial sub-25 (2002), bicampeão mundial (1988 e 2000) e bicampeão paralímpico (2004 e 2008), além de ter conquistado o título de melhor jogador do mundo, em 1998.
Foi ainda diretor administrativo e presidente do Centro de Emancipação Social e Esportiva de Cegos (CESEC), secretário-executivo da Confederação Brasileira de Desportos para Cegos (CBDC), membro do Comitê Executivo da União Mundial de Cegos, da União Latino-Americana dos Cegos, vice-presidente da Federação Brasileira de Entidades para Cegos e secretário-geral da União Brasileira de Cegos.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Comitê Paralímpico Brasileiro
Foto: Alexandre Magno/CPB/MPIX