Dívidas: presidente do Botafogo diz que clubes grandes podem fechar as portas
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 22:24
Por causa das dívidas, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, anunciou que o clube pode acabar com todos os investimentos em esportes olímpicos no próximo ano. Em 2012, o Botafogo registrava o segundo maior endividamento tributário entre os clubes brasileiros, R$ 469 milhões. Logo depois do Flamengo, com débitos de R$ 407 milhões, e seguido pelo Fluminense, com R$ 273 milhões em dívidas. A declaração foi dada durante audiência pública na comissão especial do projeto de Lei 6753 de 2013, que cria o Programa de Fortalecimento do Esporte Olímpico (Proforte), nesta terça-feira (10).
“Estamos tentando procurar um rumo para o pagamento dessas dívidas, se isso não acontecer, eu posso garantir que vai ter clube de futebol de primeira divisão fechando as portas”, disse. De acordo com Assumpção, o esporte representa 17% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, destes, 80% vêm diretamente do futebol.
“O Botafogo tem uma das maiores dívidas do futebol brasileiro e eu quero pagá-la tim-tim por tim-tim, eu não aceito outra condição, eu só quero condição para pagar”, continuou o presidente.
O deputado federal Romário (PSB-RJ), que convocou a audiência, elogiou a postura do dirigente. “Fico feliz de ouvir que ninguém veio aqui para mendigar, todos querem pagar suas dívidas”, declarou o parlamentar carioca. Em seguida, Romário sugeriu que Assumpção deve comandar a Confederação Brasileira de Futebol: “Se Deus quiser, o futuro presidente da CBF”.
Também presente na reunião, o diretor de finanças do Corinthians, Raul Correa, apresentou números que indicam que, nos últimos cinco anos, a receita total dos principais clubes brasileiros cresceu 122%. No mesmo período, no entanto, as dívidas registraram aumento de 74%.
O Proforte propõe que os clubes paguem apenas 10% das dívidas com a União e invistam os 90% restantes na formação de atletas. O relator da proposta, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), destacou que é “indispensável” a criação de uma responsabilidade fiscal nos clubes e questionou a forma como será feita a fiscalização da proposta apresentada.
Bom Senso critica fair play financeiro paulista
Representando o Bom Senso Futebol Clube, o jogador Paulo André, defendeu um limite no pagamento de direito de imagem. De acordo com o jogador, os clubes pagam hoje a maior parte dos rendimentos dos atletas no direito de imagens e registram um baixo rendimento na carteira de trabalho.
Paulo André também criticou o fair play financeiro implementado pela Federação Paulista, onde o jogador pode notificar a federação em caso de não pagamento de salário. O clube, então, teria 48 horas para pagar a dívida. Em caso de não pagamento, perderia três pontos no campeonato. “Uma vez que o atleta faz isso, ele fica exposto à mídia e à torcida e pode nunca mais jogar em um time paulista”, reclamou.