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CBF desvia milhões por intermédio de empresas de marketing, diz jornalista

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 18:03

A relação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com agências de marketing esportivos e intermediários nos contratos de patrocínio podem relevar as irregularidades cometidas pela entidade. Este é a principal conclusão dos jornalistas, Lúcio de Castro, da ESPN, e Rodrigo Mattos, do UOL, que depuseram nesta terça-feira (25), na CPI do Futebol.

A falta de transparência sobre essas relações foi duramente atacada pelos jornalistas. Lúcio de Castro lembrou que a CBF não deixa público os valores pagos às agências de marketing. Entre elas está a Mowa Sports, empresa por trás da TV da entidade. “A menina dos olhos nos últimos anos é CBF-TV, personagem fundamental nessa teia de parceiros que vendem serviços muito difíceis de serem mensurados. Tenho imensa curiosidade de saber qual é o montante pago à Mowa”, dispara.

Assista a audiência:

Lúcio de Castro também mostrou documentos que comprovam transações misteriosas envolvendo o ex-presidente do Barcelona, Sandro Rossel e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira. Em junho, várias matérias tornaram público que eles eram sócios secretos. O jornalista também cita o empresário Cláudio Honigman, ligado a Ricardo Teixeira. Honigman foi operador financeiro no jogo Brasil X Portugal, em Brasília, que custou R$ 9 milhões aos cofres públicos do Distrito Federal. O jogo está sob investigação. Honigman hoje é citado na Operação Lava Jato.

De acordo com Rodrigo Mattos, a CBF arrecadou ano passado R$ 519 milhões, sendo R$ 350 milhões só de contratos patrocínios. Hoje, há empresas que atuam na CBF responsáveis somente por captar esses patrocínios, realizar o trabalho de intermediação.

A CBF, no entanto, não revela quanto é pago por essas intermediações. Segundo o repórter, na gestão de Ricardo Teixeira, essas comissões variavam entre 4% a 10% do patrocínio. Na gestão de Marin, os valores teriam subido para 15% a 20%. “A transparência na CBF ainda reduziu muito. Hoje em dia a gente não sabe quanto cada patrocinador paga à CBF”, explica.

Na avaliação do senador Romário, os depoimentos ajudam a compreender melhor como funciona a relação da CBF com as suas contratantes. “Tenho bastante consciência como ex-esportista profissional e esportista em atividade que a presença de vocês aqui tem muita relevância para os trabalhos. Não aguentamos mais o que vem acontecendo no nosso futebol. E o objetivo da CPI, como todos sabem, é a gente moralizar o futebol porque é dessa forma que a gente vai conseguir de novo, fora de campo, grandes conquistas dentro de campo”, finalizou.