Notícias

Romário prestigia contratação de jovens com Síndrome de Down pelo STJ

Publicado em 17 de setembro de 2015 às 16:58

Brasília – O senador Romário (PSB-RJ) participou nesta quinta-feira (17) do lançamento da parceria do Superior Tribunal de Justiça (STJ) com o projeto Semear Inclusão, da Apae-DF, para a contratação de 11 pessoas com Síndrome de Down, que irão prestar serviço de um ano cuidando do acervo do tribunal.

O objetivo do projeto Semear é promover a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, visando o desenvolvimento da vida produtiva, a empregabilidade e a geração de renda.

“Fico muito orgulhoso de ver essa galera entrando no mercado de trabalho em busca de autonomia, liberdade, segurança, autoestima, qualificação e dando conta das responsabilidades!”, parabenizou o senador.

Em seu discurso, Romário falou ainda da filha, Ivy, de 10 anos, que tem Síndrome de Down, e do desejo de todo pai de ver uma filha feliz, com uma profissão e independente.

A vice-presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, disse que programas de inclusão como esse transpõem a barreira do discurso e botam em prática ações concretas e positivas em relação às pessoas com deficiência.

“Estamos oferecendo a essas pessoas respeito, dignidade e inserção social. Apesar de suas limitações, são pessoas que possuem plenas condições de trabalho”, avaliou a ministra.

A corregedora nacional da Justiça, ministra Nancy Andrighi, uma das responsáveis pela parceria da Apae com o STJ, ressaltou a importância do trabalho que os jovens com Down irão exercer – cuidando do acervo de livros do tribunal – e lembrou o vigor da Lei Brasileira de Inclusão (LBI) como um instrumento de cidadania.

“Com a chegada da LBI vivemos em um momento muito importante no nosso país, que é de ver da sociedade se preparar para receber as pessoas com deficiência com alegria, respeito e dignidade. Tudo está em desenvolvimento e em processo de conquistas positivas. O tempo dos bons ventos para as pessoas com deficiência chegou. Temos a certeza de que foi um passo muito importante e precisamos exigir o cumprimento da lei”, avaliou a corregedora.

A coordenadora de Inclusão do STJ, Simone Pinheiro, falou sobre o desenvolvimento do projeto no tribunal e do cuidado necessário para promover a inclusão.

“A gente entende as dificuldades dessas pessoas, mas nos não sabemos exatamente como é passar por isso. E acreditamos no lema: ‘Nada sobre nós sem nós’. E é por isso que estamos aqui. Queremos dar cada vez mais liberdade para essas pessoas. Elas têm o direito de realmente ir e vir, de conseguir realizar suas tarefas diárias com mais facilidade”, explicou a Simone.

Leia na íntegra o discurso do senador Romário no STJ.

“Senhoras e senhores,

Boa tarde a todos. Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer ao Superior Tribunal de Justiça, na pessoa da Ministra Nancy Andrighi, Corregedora Nacional de Justiça e presidente da Comissão de Inclusão do STJ, pelo convite para estar aqui hoje, no lançamento de mais uma etapa desse importante programa. Queria cumprimentar também a APAE-DF, na pessoa de sua Presidente, Wilma Kraemer, sempre parceira em tantas ações, e também a coordenadora do programa Semear Inclusão, Simone Machado.

Desde o início do meu mandato como Deputado, cinco anos atrás, que nós trabalhamos dia e noite pelos direitos das pessoas com deficiência. É um trabalho árduo e muitas vezes os resultados demoram a aparecer, e por isso é preciso muita paciência e persistência. São incontáveis reuniões, conversas, eventos e projetos de lei. São sementes que a gente vai plantando e ideias que, aos poucos, vão encontrando espaço e apoiadores na sociedade. Este ano, graças a Deus, temos visto alguns avanços.

Fui o relator no Senado da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, de autoria do Senador Paulo Paim, que entrou em vigor no dia 6 de julho deste ano. Foi uma vitória importante, porque trouxe uma visão moderna dos direitos das pessoas com deficiência e do seu papel na sociedade.

A palavra mais citada é “inclusão”, e a inclusão começa a acontecer quando uma legislação moderna se encontra com os anseios da sociedade. Certamente muitos de vocês acompanharam, recentemente, uma série de reportagens na televisão, com um novo olhar sobre a síndrome de Down. Sou pai da Ivy, minha princesinha, que está com dez anos. A Ivy é uma menina linda, super esperta e saudável, e ela tem síndrome de Down. Nesse programa eu mostrei um pouco da nossa convivência e da batalha que é garantir o direito à educação sem a cobrança de taxas extras. Isso agora é Lei e tenho certeza de que a divulgação vai estimular muitas famílias a trazerem seus filhos para as escolas. A presença de mais crianças e adolescentes com Down vai criar uma convivência muito positiva, virando essa página do preconceito, que já passou da hora de acabar.

Minha filha vai crescer, passar pela adolescência, estudar mais. Meu sonho é que ela escolha uma profissão e possa trabalhar, se realizar e ter uma vida independente, assim como vocês que estão aqui hoje. É o que todo pai quer para os seus filhos. Como políticos, educadores, empresários, servidores públicos, nós devemos isso a eles: criar um mundo mais justo, com oportunidades iguais.

A educação é um aspecto muito importante da inclusão das pessoas com deficiência. A educação, além de preparar para a vida, prepara também para o trabalho. As pessoas com Down são capazes de contribuir com a sociedade e querem fazer isso. O trabalho faz parte de uma vida plena, trazendo dignidade, reforçando a autoestima e possibilitando uma maior autonomia.

Sempre que as oportunidades aparecem, essas pessoas mostram uma enorme capacidade, talento e dedicação. O Breno Viola é campeão mundial de judô, ator e apresentador. A Fernanda Honorato é repórter de televisão. Vocês devem ter ouvido falar da australiana Madeline Stuart, que é modelo. Citei algumas profissões emblemáticas, mas existem exemplos em todas as áreas: gente que trabalha em escritórios, fábricas, ONGs, no serviço público, no campo. Tudo é possível quando existem oportunidades e condições adequadas.

Posso citar aqui o exemplo da Elaine, que trabalha em meu gabinete. A Elaine é uma excelente funcionária: pontual, organizada, dedicada, tem uma ótima relação com todo o grupo. Mês passado o Senado fez uma sessão em homenagem aos 60 anos da APAE Nacional e a Elaine subiu à tribuna do Senado para dizer como se sente nesse papel. Fiquei emocionado ao ouvir o quanto o trabalho é importante na vida dela. E o trabalho dela é igualmente importante para o meu gabinete. É uma via de mão dupla, com obrigações e responsabilidades, como todos têm. Ninguém com Down quer ser privilegiado: eles querem apenas respeito e uma oportunidade para mostrar do que são capazes.

Para as empresas e órgãos públicos, não se trata apenas de uma ação social: existem benefícios concretos de ter funcionários com deficiência na empresa. Esse impacto positivo já foi medido cientificamente. O Instituto Alana encomendou um estudo, que foi realizado por uma das maiores consultorias do mundo em vários países, no ano passado. A conclusão foi que a presença de pessoas com Down no ambiente de trabalho tem impactos positivos em várias áreas, como: liderança, cultura e clima organizacional, motivação e coordenação. Resumindo, as empresas que contratam pessoas com Down têm uma melhor saúde organizacional e com isso um melhor desempenho. Todos ganham: empresas, empregados e a sociedade.

Claro que existem desafios. A capacitação técnica dos funcionários, a formação de supervisores e a criação de uma cultura receptiva exigem um bom projeto e o apoio da direção dos órgãos e empresas. Por isso é que precisamos de empregadores pioneiros, e o STJ tem feito um trabalho fantástico com o “Semear Inclusão”, em parceria com a APAE. Em mais uma etapa do projeto, estamos aqui hoje para dar as boas-vindas para onze novos colaboradores, que atuarão no Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos e nos gabinetes dos Ministros. Tenho certeza de que todos farão um excelente trabalho.

Para concluir, eu gostaria muito que essa iniciativa fosse seguida por outras empresas e instituições, tanto aqui quanto em todo o Brasil. Eu sei que na plateia estão alguns representantes de empresas e órgãos do governo que estão começando iniciativas semelhantes, e outros que estão estudando o assunto e vieram aqui aprender com essa experiência. Quero que vocês saiam daqui com o meu testemunho de que vale a pena. Peço que vocês sigam em frente e contem com o meu apoio e o meu mandato para divulgar essas iniciativas tão valiosas. Parabéns ao STJ, parabéns à APAE, parabéns aos novos funcionários.

Sejam muito bem-vindos, desejo muito sucesso nesse novo desafio na vida de vocês.

Muito obrigado”.