Comissão ouve governo e setor privado sobre exclusão digital de jovens do campo
Publicado em 09 de setembro de 2015 às 19:00
Brasília – A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) realizou nesta quarta-feira (9), audiência pública para debater a má qualidade dos serviços de internet em cidades do interior e em áreas rurais do país e o impacto da exclusão digital sobre a educação de jovens. Participaram da reunião representantes dos ministérios das Comunicações; da Ciência, Tecnologia e Inovação; da Educação e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O senador Donizeti Nogueira (PT-TO), um dos autores do requerimento da audiência, salientou que há cerca de 8 milhões de jovens no campo, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Seriam 27% da população rural do país que, sem acesso à rede de computadores, ficam alijados de atividades de ensino a distância, das redes sociais e de acesso a mercado de trabalho ou produtos.
“O Brasil está desperdiçando talentos porque o serviço de comunicação, que seria imprescindível, está falhando. A pergunta é: até quando o Brasil vai desperdiçar talentos de sua inteligência por causa de um serviço privatizado que não atende aos interesses da nação brasileira”, argumentou o senador na comissão, presidida pelo Romário (PSB-RJ).
Na opinião do secretário de Inclusão Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Eron Bezerra, esse tema não é só uma questão de inclusão digital; mas, sobretudo, de inclusão social. Para ele, é possível proporcionar mecanismos de inclusão econômica e sociocultural de forma sustentável por meio da internet, o que possibilita a elevação do padrão de vida da sociedade, especialmente dos segmentos que, historicamente, foram deixados à margem das políticas públicas.
Segundo o representante do departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, André Moura Gomes, o acesso à internet nas áreas rurais é importante por aumentar a produtividade com a introdução de dispositivos no agronegócio, suprir lacunas na educação, ampliar serviços de saúde na área rural e expandir possibilidades de vendas no agronegócio.
De acordo com Moura Gomes, as áreas rurais têm melhorado sua capacidade de atrair investimentos com internet. Desde 2010 é possível notar que o principal motivo para não se ter acesso à internet não é mais a falta de disponibilidade nas áreas em especifico e, sim, o custo elevado do serviço.
Apesar do crescimento de 77% de no acesso da população à internet entre 2010 e 2014, esse acesso é desigual. Dos 31,2 milhões de domicílios no Brasil com acesso à internet, 48% estão em áreas urbanas e apenas 15% em áreas rurais.
A gerente de universalização e ampliação de acesso da Anatel, Karla Crosara, explica que já foram alcançadas muitas vitórias em relação à expansão da banda larga móvel por meio dos editais de licitação de rádio frequência, com foco em levar banda larga e serviços de conexão de dados e voz para áreas rurais.
O diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrail), Carlos Duprat, explica que o tráfego móvel de dados no Brasil cresce 56% ao ano. Em julho de 2015, a expectativa é de que sejam alcançados 221 milhões de acessos em banda larga.
Também participaram da audiência o representante do Ministério da Educação, Dilvo Ilvo Ristoff; e da Secretaria de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Jefferson D´Ávila de Oliveira.
*Com informações da Agência Senado.