Em audiência, Romário debate uso de anabolizantes
Publicado em 20 de maio de 2015 às 20:16
“Apesar de praticar menos esporte atualmente, eu não entrei nessa fase de anabolizantes, meu corpo é, graças a Deus, muito bonito naturalmente”, brincou o senador Romário. A fala foi durante uma audiência pública no Senado com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre o elevado uso de esteroide e anabolizante no País.
O debate foi solicitado pelo senador Telmário Mota (PDT-RR), relator do projeto de Lei 120 de 2015, que restringe a venda das substâncias e prevê a fixação de mensagens de advertência em estabelecimentos esportivos, academias de ginástica e clubes sobre os malefícios do seu uso indiscriminado.
O senador Romário alertou que a falta de informação tem levado muitos pessoas a consumirem as substâncias. Ele lembrou ter tido colegas no esporte que usaram, mas poderiam ter evitado, caso tivessem mais acesso a informações.
Segundo dados da Anvisa, entre 2009 e 2014, o consumo de caixas de medicamentos que contêm esteroides mais que dobrou – de 113.016 caixas vendidas por ano em 2009 para 294.205 em 2014, aumento de cerca de 160%.
Os esteroides e os anabolizantes são derivados da testosterona e importantes substâncias de uso terapêutico. O problema é quando são usadas de forma contraindicada, especialmente com o objetivo de estimular o crescimento e o fortalecimento muscular – como em casos de fisiculturismo ou de ganho muscular de forma rápida.
Os efeitos colaterais são diversos, como problemas de fígado, alteração de fertilidade, distúrbios de pele e psiquiátricos, leucemia, câncer, e, no caso da mulher, virilização, devido às alterações hormonais.
Para a superintendente de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa Meiruze Sousa Freitas, que participou da audiência pública, o cuidado relacionado a essas substâncias deve ser ainda maior quando comprados via internet, devido à incidência de oferta de produtos falsificados.
De acordo com a portaria nº 344 de 1998 da Anvisa, esteroides e anabolizantes só podem ser comercializados em farmácias, por meio de prescrição médica em duas vias e com retenção de uma delas. Na caixa, deve constar tarja vermelha. A Anvisa disponibiliza uma página na internet, o Click Saudável (www.clicksaudavel.gov.br), em que podem ser acessadas informações confiáveis sobre produtos sujeitos à vigilância sanitária.
Pesquisas científicas
Romário aproveitou a audiência para cobrar da Anvisa mais agilidade na liberação de medicamentos ou substâncias para pesquisa científica no País. O parlamentar é autor do projeto de Lei (PLS) 39 de 2015, em trâmite no Senado Federal, que da celeridade à entrada de material científico no Brasil.
De acordo com o senador carioca, 76% dos cientistas brasileiros já perderam material científico na alfândega e 99% resolveram mudar os rumos das pesquisas, em virtude das dificuldades para importar reagentes.
“Essa projeto dá celeridade à entrada de algumas substâncias que são de grande importância até para a sobrevida de algumas pessoas. Conversei com médicos, doutores, cientistas, pesquisadores e eles encontram na Anvisa um órgão que, muitas vezes, atrapalha a entrada de materiais essenciais para o desenvolvimento de medicamentos”, informou Romário na audiência.