Play the Game: conferência mundial discute democracia no esporte
Publicado em 29 de outubro de 2013 às 22:16
(Foto: Thomas Søndergaard/Play the Game)
Começou nesta segunda-feira (28), uma das maiores conferências mundiais sobre esporte, organizada pela respeitada entidade dinamarquesa Play The Game. O tema deste ano é Intensificando a Democracia no Esporte e acontece em Aarhus, na Dinamarca, até o dia 31. A instituição é minha parceira há dois anos e fui convidado para participar, mas a minha agenda legislativa não permitiu. Eu falaria sobre o acompanhamento que tenho feito dos gastos públicos com a Copa 2014 e com os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016.
Alguns dos maiores especialistas de vários setores do esporte apresentarão propostas e participarão de debates visando melhorar a gestão esportiva ao redor do planeta. Como o Brasil é a próxima sede da Copa do Mundo, devemos ficar ligado no que vai ser discutido nesse encontro internacional. Os caras vão falar, entre outras coisas, sobre doping, partidas de futebol arranjadas, leis do esporte, gestão e, claro, megaeventos e seus potenciais legados. Acompanhe pelo site: www.playthegame.org
A organização convidou mais de 200 expositores, de 39 países. Entre eles, sete brasileiros estarão presentes. Os mais esperados, no entanto, são o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luís Fernandes, e o diretor de comunicação do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo 2014, Saint Clair Milesi.
Os dois, ao lado do meu amigo, o jornalista britânico Andrew Jennings, do representante da Controladoria Geral da União, Bruno de Souza, e da professora da USP Kátia Rúbio, farão parte do painel Mega eventos e Democracia: o Desafio Brasileiro, na quinta-feira (31).
Muito legal que as autoridades brasileiras responsáveis pela organização dos megaeventos esportivos tenham sido convidadas e, principalmente, que não tenham fugido do diálogo. Espero que eles levem os números exatos e informações precisas à Dinamarca pois, apesar da distância, estarei acompanhando e confrontarei qualquer dado manipulado e irreal.
Devemos ficar atentos também porque vai rolar a participação inédita da FIFA na conferência. Desde 1997, é a primeira vez que a entidade envia um representante para participar da mesa de debates. O diretor de comunicação, Walter de Gregório, vai falar sobre o processo de reforma da FIFA. Só vendo mesmo pra acreditar que a toda poderosa entidade que comanda o futebol mundial vai mudar um dia. Mas vamos aguardar e acompanhar para ver o que o cara tem pra dizer.
Como não poderia ser diferente o Brasil tem sido um dos principais assuntos na conferência. Em seu discurso de abertura, o diretor do Instituto Play the Game, Jens Andersen, que organiza o encontro, se referiu ao nosso país diversas vezes e lembrou a grande responsabilidade que é sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
“Os protestos populares contra a corrupção no Brasil nos últimos tempos, mostra que o país que vai sediar os próximos megaeventos esportivos, inegavelmente, vem desempenhando um papel de liderança no cenário mundial ao quebrar o silêncio fúnebre que dominou a política esportiva por tantas décadas”, disse.
Concordo com ele. Nós precisamos aproveitar essa oportunidade para mudar o sistema esportivo em geral. De que maneira? Cobrando mais transparência nos investimentos com dinheiro público, mais democracia nas eleições das federações, confederações e comitê olímpico, e o uso mais responsável e sustentável das estruturas construídas para receber os megaeventos. Segundo Jens Andersen, sem essas garantias, as organizações esportivas permanecerão como parte do problema ao invés de ser tornarem os responsáveis por apresentar a solução.
E, assim como eu tenho repetido inúmeras vezes desde que tomei posse na Câmara dos Deputados, Jens também sugeriu que a mudança deve começar com uma melhor gestão no esporte e com o combate incansável contra a corrupção. E anunciou, logo na abertura da conferência, o lançamento de um importantíssimo projeto para melhorar a administração nas organizações esportivas internacionais.
Romário