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Sem séries ou provas, conheça o modelo de escola “ponte”

Publicado em 15 de março de 2017 às 16:08

Qual seria o modelo de escola ideal, na sua opinião? Provavelmente nesta escola não existiriam provas e você poderia escolher sua própria turma. Não é mesmo?! Pois essa escola já existe, há pelo menos 40 anos.

O modelo pedagógico foi implementa em 1976, em Portugal, um projeto que se chama “Escola da Ponte”. A instituição pública aboliu as séries, provas, o modelo convencional de salas de aulas, disciplinas e alicerçou sua proposta pedagógica no exercício da autonomia e na liberdade das crianças e adolescentes.

Não existem turmas divididas por idade, e sim núcleos: iniciação, consolidação e aprofundamento. O currículo é composto por seis dimensões: linguística; identitária; naturalista; lógico matemática; artística; e pessoal e social.

O formato pedagógico inovador entende o processo de aprendizagem como algo particular e ao mesmo tempo solidário com os outros. A escola tem como pedagogia o “Fazer a Ponte”, que visa a formação de pessoas autônomas, responsáveis, solidárias, mais cultas e democraticamente comprometidas na construção de um destino coletivo e de um projeto de sociedade que potencialize a afirmação das mais nobres e elevadas qualidades de cada ser humano.

Por lá, o ensino é algo comunitário: as crianças que sabem ensinam as que não sabem; assim o aprendizado dissemina vários valores, como ética e solidariedade, por exemplo. Na Escola da Ponte, os grupos são formados por alunos de diferentes idades, mas com interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa. Assim como os grupos se formam, eles também se desfazem, de acordo com os temas e a partir das relações afetivas que os estudantes estabelecem entre si.

Escolas no Brasil seguem o modelo

Um dos idealizadores do projeto “Escola da Ponte” é o educador José Pacheco. Ele trouxe seu modelo pedagógico para Brasil, depois de avaliar que a comunidade de Portugal estava tão apropriada do “Fazer a ponte” e tão capaz de reconstruí-lo diariamente, que acabou deixando a direção da unidade, para apoiar a Escola Âncora, em Cotia (SP). Inspirada na proposta portuguesa, a escola atende gratuitamente alunos na mesma perspectiva de construção de autonomia, abolindo provas, ciclos e séries e reunindo os estudantes como educadores de seus pares.

“O Projeto Âncora vem se consolidando como pioneiro de um trabalho de assistência social, que, aliado à educação, fornece às crianças e jovens e suas comunidades as ferramentas necessárias para acabarem com o círculo vicioso da pobreza e contribuírem para uma sociedade mais integra, justa e sustentável”, descreve o site da escola.

Na mesma perspectiva, desde 2004, a Escola Municipal Desembargador Amorim Lima e, desde 2008, a Escola Municipal Presidente Campos Sales, localizadas em São Paulo, reconfiguraram seus projetos pedagógicos, substituindo a estrutura das salas de aula e assumindo os estudantes como protagonistas da aprendizagem.