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Relator de CPI, Romero Jucá vota contra convocação de Ricardo Teixeira

Publicado em 16 de março de 2016 às 19:16

Brasília – Em uma das sessões mais tensas da CPI do Futebol, o relator da comissão, senador Romero Jucá (PMDB-RR), votou contra todos os requerimentos da pauta, inclusive os de convocação de dois dos principais investigados da CPI: o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, e do parceiro comercial da entidade, o empresário Wagner Abrahão.

A sessão para a votação de requerimentos ocorreu nesta quarta-feira (16), antes da oitiva do presidente interino da CBF, Coronel Nunes, e coincidiu com um anúncio da FIFA que pediu R$ 20 milhões, a título de indenização, de Ricardo Teixeira, Marco Polo Del Nero e José Maria Marin por danos causados à imagem da entidade.

“Eu vou encaminhar contrariamente a esse requerimento e a todos os outros requerimentos”, declarou o relator Romero Jucá. Ele justificou sua decisão com a alegação de que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia rejeitado decisões da CPI. O relator se referia a quatro requerimentos contestados na Suprema Corte. Um que quebrou o sigilo de Rogério Caboclo, outro pedia o envio de dados relativos à movimentação de recursos financeiros da CBF, um terceiro pedia acesso aos contratos de publicidade da entidade e, o último, determinava a condução coercitiva do Coronel Nunes à CPI.

Presidente da CPI e autor da maioria dos requerimentos, Romário rebateu Jucá, disse que a investigação vem tendo êxito em suas ações e lembrou que 21 das ações impetradas contra na CPI no Supremo foram perdidas. “A rejeição desses requerimentos pode atrapalhar o andamento desta Comissão”, declarou.

Jucá ainda tentou desqualificar o trabalho dos investigadores da CPI e foi duramente criticado por Romário. Leia o diálogo:

Relator Romero Jucá – “… V. Exª disse: “os técnicos da Comissão entendem que é importante chamar”. O importante é que não são os técnicos da Comissão que têm que saber que é importante chamar; são os membros Senadores da Comissão que precisam estar conscientes e informados de quem é preciso chamar. Quem for preciso chamar e convocar, nós vamos chamar. Agora, não pode ser algo que não tenha embasamento, votamos no escuro e somos desmoralizados pelo Supremo Tribunal Federal a cada medida.”

Presidente Romário – “…V. Exª não tem conhecimento do que eu tenho é porque V. Exª não procurou para ter, e qualquer outro também. O trabalho dos profissionais está sendo feito. Eu não sou aqui babá de ninguém para ficar chamando todo mundo para fazer o papel que tem que fazer, que é obrigação de todo mundo. Então, se V. Exª, infelizmente, não tomou conhecimento dos resultados das quebras de sigilo…”

Mais adiante Romário informou aos membros da CPI que o relator nunca se cadastrou para ter acesso a qualquer documento sigiloso a que a investigação teve acesso, como as quebras de sigilos bancário e fiscal dos investigados.

Apesar dos argumentos de Romário, todos os senadores presentes decidiram acompanhar o voto do relator e rejeitaram todos os requerimentos em pauta. Além da convocação de Teixeira e Wagner Abrahão, estavam em votação requerimentos que pediam acesso ao contrato social e às informações bancárias e fiscais da empresa Klefer e do empresário, ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite; a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do empresário Ângelo Frederico Verospi; e as convocações do diretor Executivo de Gestão da CBF, Rogério Caboclo, dos ex-funcionários da entidade Antônio Osório (ex-diretor financeiro), Ariberto Pereira (ex-tesoureiro), Júlio Cesar Avelleda (ex-secretário geral). Também seriam convocadas Lilian Cristina e Carolina Galan, essa última, ex-namorada de Del Nero.

Durante coletiva na saída da reunião, Romário anunciou que apresentará um relatório paralelo na CPI do Futebol. “Vou apresentar um relatório bem detalhado e minucioso mostrando o que é a CBF faz com o futebol brasileiro e o que o COL fez em relação à Copa do Mundo”, declarou.